Há países, como Itália e o Reino Unido, onde as medias foram já tomadas para a limitação do uso destes equipamentos, mas não apenas pelos mais novos, também pelos adultos, sejam professores, sejam técnicos de ação educativa. Contudo, mais além das posições de quase todos partidos portugueses para a limitação do uso destes equipamentos nos recintos escolares, o bem-estar dos mais novos continua ser o foco de todos.
Em Portugal uma escola no município de Viseu já implementou esta medida desde 2018. Ainda que alguns alunos possam apresentar alguma resistência, a medida impõe que os alunos deixem os seus equipamentos à entrada da escola, só tendo acesso aos mesmos à saída.
O principal objetivo com estas medidas é o de criar um maior bem-estar digital entre os mais novos, mas a ideia de que os equipamentos são a única forma de contacto quando se encontram em aulas parece ser a que mais adeptos tem, contudo, o uso de deste tipo de equipamentos traz aos mais novos alguns problemas que não podem ser ignorados.
Para Jorge Álvarez, CEO da SaveFamily, empresa europeia que comercializa relógios inteligentes dirigidos a crianças comenta: “A tecnologia é parte do quotidiano de todos nós, adultos e crianças. Claro que não podemos negar o acesso à mesma aos mais novos, até porque tem alguns benefícios. Mas consideramos que o principal fator é mesmo ensinar a fazer uso da tecnologia de forma mais responsável. Temos que ser conscientes que uma criança de 10 anos não tem o entendimento do uso do telemóvel que tem um adulto.”, e acrescenta “Se as escolas conseguirem limitar o uso dos equipamentos pelos mais novos, será possível que eles não apenas desenvolvam mais relações interpessoais diretas com os colegas, como também sejam mais responsáveis com o uso da tecnologia no seu dia-a-dia”.
De facto, o uso destes equipamentos está, na verdade, associado às redes sociais e não necessariamente ao contacto com os pais ou aos benefícios que a tecnologia pode trazer para o estudo em si. Em Portugal, os projetos da escola digital já traz aos mais novos ferramentas que os apoiam no seu estudo com recurso à tecnologia, e a questão do contacto com os encarregados de educação pode, na realidade, ser substituído por outros equipamentos menos invasivos no dia-a-dia dos mais novos.
É o caso dos smartwatches desenvolvidos tendo como público alvo os mais novos. Uma alternativa aos telemóveis, estes equipamentos trazem funcionalidades semelhantes às de um smartphone, como são chamadas, videochamadas, mensagens via Whatsapp, leitor de música, câmara, ou outras, que dão aos mais novos a segurança e benefícios do uso da tecnologia, sem adquirir um carácter invasor no seu quotidiano. Aos pais, estes equipamentos trazem a certeza de poderem contactar os seus filhos em qualquer momento, e simultaneamente controlarem os conteúdos a que têm acesso.
“O debate de se se deve limitar o uso do telemóvel nas escolas é ainda muito complexo, pelo que acreditamos que devemos dar ferramentas aos mais novos que os tornem mais conscientes da responsabilidade do uso da tecnologia no seu dia-a-dia. E não é apenas o uso, é também o impacto que a tecnologia traz a uma criança que, rapidamente, se embrenha no vasto mundo da internet para o qual, infelizmente, não está preparada. Alguns pais são já conscientes desta realidade e, por isso, preferem optar por novas soluções, pois compreendem a pressão social do uso da tecnologia que os seus filhos sofrem diariamente”, conclui Álvarez