Naquela que será a maior edição de sempre em 20 anos de história, a feira de arte e antiguidades irá ocupar pela primeira vez todo o espaço da Cordoaria, mais uma vez com a organização da Associação Portuguesa dos Antiquários (APA).
O espaço será ocupado na maioria por expositores portugueses, mas também estrangeiros, desde antiquários, galerias de arte moderna e contemporânea, com pintura, escultura, joalharia, móveis, cerâmica e escultura.
Entre as obras que serão apresentadas na feira estará um desenho do rei João VI da autoria do artista português Domingos Sequeira (1768-1837), com uma inscrição do colecionador Luiz Xavier da Costa, datada de 1929, pertencente à galeria António Costa Antiguidades.
Contactada pela agência Lusa, Alexandra Markl, responsável pelas coleções de desenho e gravura do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, disse, sobre este desenho a lápis sobre papel com 21 centímetros por 17 centímetros: “Sabemos que este é um desenho de 1804, quando ainda não era rei, mas príncipe regente, e sabemos que esta peça é um estudo para uma medalha porque no MNAA temos um desenho igual, embora tenha uma assinatura do pintor que está invertida”.
“Isto quer dizer que o nosso desenho é a contra-prova deste. Naquela época, quando os artistas criavam um desenho para gravar, neste caso para uma medalha, faziam uma inversão do trabalho para o positivo. O MNAA tem a contra-prova, e este desenho que vai estar na feira é o original”, explicou a historiadora de arte, acrescentando que este trabalho “é mais ténue, o que indica também que terá sido por aqui que começou, antes de fazer a contra-prova, no processo de laboração para a medalha”.
Domingos Sequeira é considerado o mais talentoso e original pintor português do seu tempo, tendo desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento da arte portuguesa de início do século XIX.
Em março, o Ministério da Cultura anunciou a assinatura de um acordo para exposição pública da pintura “Descida da Cruz”, adquirida pela Fundação Livraria Lello, depois de ter falhado a compra da obra.
“Domingos Sequeira, como pintor régio, teve várias oportunidade de desenhar e pintar o rei João VI, e são conhecidos vários retratos diferentes, desde a fase de príncipe regente até aos últimos anos da morte do monarca”, afirmou à Lusa Alexandra Markl.
O desenho possui uma legenda que indica que esteve na posse do colecionador e estudioso da obra do artista – Xavier da Costa – datada de 1929, e assinada pelo proprietário.
“Tem também algo muito curioso: um pequeno carimbo, a tinta preta, com o número 45. Sabemos que esse carimbo foi colocado por um dos ramos da família de Domingos Sequeira. Os descendentes do artista carimbaram todos os desenhos que pertenciam a um fundo familiar”, explicou a historiadora de arte, acrescentando que “Sequeira trabalhou muito, fez muitos modelos para estatuária, medalhas, ourivesaria, e deixou uma produção muito vasta”.
Contactada pela Lusa, fonte da comunicação da feira indicou que além deste desenho, estarão ainda em destaque no certame duas obras da artista Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992): uma pintura intitulada “Essa Estrela”, pela Galeria São Roque, e um desenho sobre papel da Galeria São Mamede.
O óleo sobre tela “Essa Estrela”, com dimensões de 33 centímetros por 24,5 centímetros, foi escolhido pela artista para a criação de uma tapeçaria da capela da Embaixada de França em Lisboa, onde se encontra atualmente.
O desenho executado em 1968 tem a particularidade de ser uma obra que regressa a Portugal, vinda dos Estados Unidos da América, tendo sido uma oferta da artista a John Rewald, em Nova Iorque, com uma dedicatória de amizade.
Entre outros, estarão ainda presentes as galerias Carlos Carvalho Arte Contemporânea, São Mamede, Luís Alegria, Miguel Arruda Antiguidades, Espadim 1985, Alba Cabrera, Anfora Asian Art, Achronima, José Sanina Antiquário, Galerie Philippe Mendes, Trema Arte Contemporânea, Tricana, Rui Freire, Joana Aranha, Ilídio Cruz, Isabel Lopes da Silva e D´Orey Azulejos e Antiguidades.
A LAAF irá ainda organizar as “Conversas sobre Arte” entre os dias 15 e 19 de abril, sempre ao final da tarde, sobre os temas “A importância dos museus na cidade de Lisboa”, “Criatividade e Desenvolvimento”, e “Imaginação e Comércio”, com vários oradores convidados.
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