“A noite”, a primeira peça de teatro escrita por Saramago, terá quatro récitas no Auditório Carlos Avilez, e tem adaptação e encenação de Paulo Sousa Costa, que a põe em cena quando se comemoram os 50 anos do 25 de Abril.
A interpretar “A noite”, estão Diogo Morgado, Jorge Corrula, João Didelet, Elsa Galvão, Ricardo de Sá, Luís Pacheco, Henrique de Carvalho, Sara Cecília e João Redondo.
Saramago dedicou a peça à atriz, dramaturga e encenadora Luzia Maria Martins (1927-2000), fundadora do Teatro Estúdio de Lisboa, precursora do teatro independente em Portugal, que ”o achou capaz de escrever” para palco, como recorda a produtora na apresentação da obra.
A trama passa-se na redação de um jornal, em Lisboa, na noite que antecede a Revolução dos Cravos, e a ação centra-se numa discussão entre Manuel Torres, um redator de província que defende a verdade jornalística, e o seu chefe de redação, Abílio Valadares, submisso à ditadura e à censura existentes em Portugal. Ao lado de Abílio Valadares está o diretor do jornal, Máximo Redondo.
Manuel Torres, “um idealista que vai lutar para que a verdade volte às páginas do ‘seu’ jornal, que não tolera ver manietado por terceiros, está em confronto sistemático com o chefe. Aliados com Manuel Torres estão Cláudia, uma jovem estagiária, e Jerónimo, linotipista e chefe do turno da noite.
O conflito agrava-se quando na redação surge uma informação de que, nas ruas, poderá estar em curso uma revolução. O chefe de redação proíbe que se noticie qualquer informação, aumentando a tensão na equipa, já que Manuel Torres e Jerónimo exigem a confirmação da informação, dos factos e, caso se provem, que sejam notícia de primeira página na edição do dia seguinte.
A contrariar as intenções de ambos estão Abílio Valadares e Manuel Redondo que fazem tudo para depreciar a situação e não a noticiar nem que, para isso, tenham de “arranjar” avarias nas máquinas de composição e impressão.
O aumento da incerteza com o que se passa nas ruas é proporcional ao que se passa na redação e às interrogações que a situação vai levantando. O único a manter-se sereno é Faustino, contínuo do jornal e que sabe mais do que parece.
“A noite” tem direção artística de Paulo Sousa Costa e Pedro Matias, cenografia de José Teles.
A direção técnica é de Bruno Lucas e do técnico de som Fernando Lopes, o desenho e a técnica de luz de Ariene Godoy e a criação de imagem, o vídeo e voz off de Pedro Matias.
“Que farei com esta noite?”, “A segunda vida de Francisco de Assis”, “In Nomine Dei” e ” Don Giovanni ou o dissoluto absolvido” são as outras obras dramatúrgicas de José Saramago, Prémio Camões 1995 e Nobel da Literatura 1998.
“A noite” seguirá, depois, em digressão, com espetáculos marcados para o Centro de Artes de Águeda (05 de abril), Casino da Figueira da Foz (12 e 13 de abril), Coliseu do Porto (22 de abril), Salão Preto e Prata do Casino Estoril (24 e 25 de abril), Centro de Artes e Espectáculos de Guimarães (27 e 28 de abril) e Teatro das Figuras, em Faro (01 de maio).
As quatro récitas de “A noite” no Auditório Carlos Avilez, no Estoril, esta semana, têm lugar na quinta-feira (já esgotada), na sexta-feira e no sábado, sempre às 21:00, e no domingo, às 17:00.
A produção é da Yellow Star Company.
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