«O chumbo e o cádmio são elementos naturais presentes na crosta terrestre e, consequentemente, no solo onde as plantas são cultivadas. Embora sejam inevitáveis, alguns campos de cultivo têm níveis mais elevados de toxicidade devido ao uso excessivo de fertilizantes que contêm metais e à poluição industrial», é dito.
Apesar de serem cultivadas em terras com menos pesticidas e outros contaminantes, as versões orgânicas de chocolate negro apresentaram alguns dos níveis mais elevados de metais pesados, realça a CNN. A investigação analisou apenas produtos de chocolate negro puro, já que estes contêm a maior quantidade de cacau. Produtos com ingredientes adicionais, como doces ou chocolates para culinária, foram excluídos da análise.
Os investigadores analisaram 72 produtos de cacau no mercado para determinar os níveis de chumbo, cádmio e arsénico. O estudo, realizado ao longo de oito anos (2014, 2016, 2018 e 2020), foi conduzido pela Consumer Labs, uma organização sem fins lucrativos que realiza testes independentes em produtos de saúde e nutrição.
Dos produtos testados, 43% excedeu o nível máximo permitido de chumbo estabelecido pela Proposta 65 da Califórnia, enquanto 35% superou o limite máximo de cádmio. Não foram encontrados níveis significativos de arsénico nos produtos analisados. Os limites da Proposta 65 são mais rigorosos do que os estabelecidos pelo governo federal dos EUA, que fixa o nível máximo permitido de chumbo em doces para crianças em 0,1 partes por milhão. A Proposta 65, por sua vez, estabelece um padrão de segurança de 0,05 partes por milhão para o chocolate.
Leigh Frame, autor principal do estudo e director executivo do Office of Integrative Medicine and Health da Universidade George Washington, afirma que adultos saudáveis que consomem pequenas quantidades de chocolate não devem temer os riscos associados.
No entanto, Tewodros Godebo, professor assistente de geoquímica ambiental na Universidade de Tulane, alertou que o risco de exposição a metais pesados aumenta para pessoas com problemas médicos, grávidas ou crianças pequenas.
As crianças, em particular, podem absorver até 50% do chumbo ingerido após uma refeição e até 100% em jejum. Já segundo a Organização Mundial da Saúde, não existe um nível seguro de chumbo, especialmente para crianças.