A novidade reacendeu a curiosidade — e a polémica — sobre esse tipo de intervenção estética, que não é permitida no Brasil em pessoas com visão normal. Em Portugal, o procedimento também é altamente controverso e não recomendado para fins estéticos pela comunidade oftalmológica.
Trata-se de um procedimento cirúrgico em que se injeta pigmento colorido na córnea, criando o efeito de uma nova cor nos olhos. A técnica foi originalmente desenvolvida com fins terapêuticos, para melhorar a aparência estética de pessoas com lesões graves na córnea ou baixa visão irreversível, como forma de reconstrução visual e psicológica.
“É um procedimento com resultados excelentes para pessoas que perderam a visão e têm cicatrizes na córnea. A pigmentação pode melhorar a aparência dos olhos, tornando-os visualmente mais normais”, explica o oftalmologista Dr. Hallim Feres Neto, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Segundo o especialista, a ceratopigmentação pode custar cerca de 10 mil dólares — aproximadamente 9 400 euros. O valor inclui equipamentos de alta precisão, como o laser de femtosegundo, usado para criar microcanais na córnea por onde o pigmento é introduzido.
Apesar da sofisticação, o procedimento é considerado de baixo risco imediato, com relatos de desconforto leve nas primeiras horas pós-operatório. No entanto, os riscos a longo prazo ainda estão a ser estudados — e incluem desde inflamações até danos irreversíveis à visão.
Embora clínicas fora do Brasil e da União Europeia ofereçam a ceratopigmentação com fins puramente estéticos, as autoridades de saúde e associações de oftalmologia alertam: a prática pode ser perigosa e eticamente questionável em pessoas com visão saudável.
Em Portugal, como noutros países europeus, a intervenção não é reconhecida como segura nem aprovada pelas principais entidades médicas para uso estético.
Num mundo cada vez mais obcecado pela aparência — e onde a cirurgia estética está a ultrapassar limites antes impensáveis — mudar a cor dos olhos pode parecer o próximo passo lógico. Mas os especialistas são claros: quando se trata de visão, não vale a pena arriscar por uma questão estética.