Quase metade dos adultos tem tensão alta, mas apenas uma pequena parte consegue mantê-la sob controlo. Tomar os medicamentos à hora certa pode fazer toda a diferença, é o que indica um novo estudo, que analisou o impacto da toma matinal versus noturna nos níveis de pressão arterial.
Segundo os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), só cerca de 59% dos pacientes com hipertensão estão medicados e, desses, apenas 20% conseguem controlar eficazmente a doença. A má alimentação, a falta de exercício ou o acompanhamento médico irregular explicam parte do problema, mas há outro fator a considerar: a hora do dia em que se toma o medicamento.
Estudo testou manhã vs. noite
Publicada no JAMA Network Open, a investigação envolveu 720 pacientes hipertensos, sem tratamento anterior ou que tinham interrompido a medicação duas semanas antes. Todos os participantes tomaram a mesma combinação terapêutica: 20 mg de olmesartana (um bloqueador dos recetores da angiotensina II) e 5 mg de anlodipino (um bloqueador dos canais de cálcio).
Divididos em dois grupos, metade tomou a medicação de manhã (entre as 6h e as 10h) e a outra metade à noite (entre as 18h e as 22h). Ao fim de 12 semanas, os investigadores ajustaram as doses conforme os resultados de cada pessoa.
Toma noturna demonstrou maior benefício
Ambos os grupos mostraram melhorias durante o dia, mas quem tomou os medicamentos à noite apresentou melhores valores de pressão arterial noturna e um ritmo circadiano mais equilibrado, sem aumento de risco de hipotensão enquanto dormia.
De acordo com os investigadores, este padrão pode ter um papel essencial na prevenção de problemas mais sérios como apneia do sono, diabetes, doenças cardíacas ou insuficiência renal. Normalmente, a tensão arterial deve baixar entre 10% a 20% durante o sono, algo que nem sempre acontece em quem toma a medicação de manhã.
Deve mudar o horário da toma?
Antes de alterar o regime de medicação, é essencial falar com o médico. O estudo, apesar de relevante, foi de curto prazo, decorreu na China e envolveu apenas pacientes sem histórico cardiovascular. Ainda assim, oferece novas pistas para a chamada cronoterapia. Ou seja, o uso dos ritmos biológicos para maximizar o efeito dos fármacos.