Vários cientistas argumentam que a maneira como os estudos anteriores mediram o impacto do álcool na saúde pode ter uma falha. A equipa de investigação liderada pelo cientista Timothy Naimi observou mesmo que o facto de a seleção das amostras ser tendenciosa, – por recrutarem apenas participantes com mais de 50 anos -, levava a uma leitura parcial dos resultados entre o consumo moderado e a mortalidade.
Para os autores, isso é um problema porque exclui qualquer pessoa que tenha morrido devido à ingestão de álcool antes dos 50 anos, pois as «pessoas falecidas não podem ser inscritas em estudos». Ainda, segundo os autores, quase 40 por cento das mortes que se devem ao consumo de álcool ocorrem antes dos 50 anos. Isso significa que a grande maioria das pesquisas sobre os riscos potenciais do álcool não leva em conta essas mortes e pode subestimar os perigos reais.
Esta análise mostrou que o nível de risco relacionado com o álcool de um indivíduo foi muito influenciado pela idade. No total, 35,8 por cento das mortes relacionadas com o álcool ocorreram em pessoas com idade entre os 20 e 49 anos. Neste grupo etário, as mortes por consumo de álcool que foram evitadas fixou-se nos 4,5 por cento. Por outro lado, quando analisaram indivíduos com 65 anos ou mais, o cenário foi diferente: embora 35 por cento das mortes estivessem relacionadas com o consumo de álcool, os autores encontraram um grande número de mortes evitadas pelo álcool nesse grupo demográfico (80%).
Assim, os autores concluíram que as pessoas depois dos 50 têm uma maior probabilidade de experimentar os benefícios do consumo moderado na saúde. Embora a conclusão possa não ser revolucionária, ela oferece uma compreensão mais completa do impacto do álcool sobre a saúde: beber moderadamente pode beneficiar pessoas de certa faixa etária, mas atenção, beber em excesso é prejudicial para todos.
Debate levantado depois de descobertos os possíveis benefícios
Esta conclusão surgiu pouco depois de um estudo ter descoberto que uma ingestão leve e moderada de álcool pode ter um efeito protetor sobre todas as causas de mortalidade, sobretudo nas doenças cardiovasculares (DCV). O propósito deste estudo, todavia, foi examinar a associação entre o consumo de álcool e o risco de mortalidade por todas as causas – cancro e DCV – em adultos norte-americanos.
Pelo contrário, uma ingestão mais forte ou compulsiva foi associada a um aumento do risco de mortalidade por todas as causas e cancro em particular. Com efeito, uma ingestão mais desregrada está associada a uma lista de consequências sérias para a saúde, que incluem certos cancros, lesões no sistema nervoso e doenças do fígado e do coração.