Infelizmente grande parte das interações verbais que estabelecemos com os nossos filhos e netos raramente se podem categorizar como “conversas”. Estamos habituados a proclamar diretrizes, a dar ordens e instruções. Raramente temos tempo para estabelecer uma conversa civilizada com os mais novos.
Em nosso redor o discurso público continua a degradar-se. Estamos cada vez mais divididos, mais agressivos. O papel nefasto das redes sociais é inegável neste sentido. A arte de conversar e debater ideias parece ter-se perdido.
Como podemos melhorar esta situação? Ora, como muitas outras coisas, tudo começa em casa e na forma como educamos os mais novos. Sendo certo que devemos sempre ajustar o discurso e os temas à idade dos participantes, existem algumas regras fundamentais de conversação que devem ser transmitidas o mais cedo possível.
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Demonstrar respeito
Independentemente de qual seja o tópico, comece sempre por assegurar os participantes que todas as opiniões e ideais são relevantes. Quando falamos com outra pessoa é essencial demonstrar respeito, mesmo quando acreditamos que a sua posição é irracional ou fruto de inexperiência. Nenhuma boa conversa pode começar sem que ambos se sintam valorizados. Tenha em particular atenção a sua comunicação não-verbal.
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Ouvir e tentar compreender outros pontos de vista
Ouvir nem sempre é fácil, mas é algo determinante para o sucesso das suas relações pessoais e profissionais. Tente nunca interromper. Faça perguntas sempre que não compreender algo. Tente não criar ideias pré-concebidas. Repita o que ouviu para confirmar se é verdade. Peça para partilhar também a sua própria perspetiva. Estas são apenas algumas das recomendações que deve seguir para manter uma conversa cordial. Não despreze a outra pessoa simplesmente porque não concorda com o que ela disse. Tente perceber sempre as motivações e as razões dos outros.
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Tenha atenção aos ataques pessoais
É comum encararmos os desentendimentos como ataques pessoais. Mesmo quando não o são. Em nenhuma circunstância uma conversa deve basear-se em insultos, insinuações e ameaças. Tente sempre concentrar-se nos tópicos em discussão e não na pessoa. Procure sempre fazer questões mais gerais que não individualizem os problemas.
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Usar empatia
Nem sempre é fácil colocarmo-nos nos “sapatos dos outros”. Todavia fortalecer a sua empatia para com os outros é um passo importante. Mesmo quando existem grandes discórdias é sempre possível encontrar pontos em comum. As suas opiniões, ideias e soluções podem ser diferentes; mas isso não significa que não possa também compreender o “outro lado”. Este tipo de entendimento irá facilitar o caminho futuro.
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Conte histórias e faça rondas
Contar histórias é a formas mais eficaz de passar mensagens. Tanto quando falamos com crianças ou com adultos, esta capacidade para construir uma narrativa que suporte os nossos argumentos é uma estratégia muito eficaz. De resto, procure nunca falar interruptamente. Crie espaço para que a outra pessoa participe na conversa. Evite ficar a falar sozinho.
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Saiba admitir quando comete erros e peça conselhos
Todos temos uma tendência natural para querer acreditar que o que estamos a dizer é certo. No entanto é importante manter a mente aberta e questionar certas decisões. Por vezes podemos estar a cometer erros e é importante saber reconhece-los. De resto, é útil conseguir pedir a participação e o apoio do outro na resolução dos problemas. Peça opiniões e pergunte o que acham que deve fazer. Isto irá fazer com que os outros se sintam valorizados.