Em Portugal, administram-se vacinas desde o início do século XIX, mas foi apenas a partir de 1965, com a criação do Programa Nacional de Vacinação (PNV), que os ganhos em saúde se tornaram significativos, começa apor referir a pediatra Ana Castro.
Desde então, foram vacinadas milhões de crianças e adultos ao abrigo do PNV que é universal e gratuito.
Não restam dúvidas de que a vacinação contra as principais doenças é fundamental para a sobrevivência infantil.
Com a introdução de esquemas regulares de vacinação, o número global de mortes em crianças com idade inferior a 5 anos tem vindo a diminuir progressivamente.
Assim, as crianças alcançam um melhor início de vida, fundamental para que possam crescer com saúde e desenvolver todo o seu potencial.
O que são vacinas?
Uma vacina é uma substância derivada de um agente infeccioso causador de doença ou quimicamente semelhante a esse agente.
Quando um indivíduo é vacinado, o seu sistema imunitário reage como se tivesse sido infetado pelo dito agente, passando a produzir anticorpos (defesas) contra a doença.
Algumas vacinas conferem proteção total. Nesse caso, o indivíduo vacinado não sofre a doença, mesmo que entre em contacto com o agente infeccioso.
Outras, não sendo capazes de prevenir doença, conseguem proteger das suas formas mais graves.
Contudo, convém ter presente que, em qualquer um dos casos, o risco inerente à toma da vacina será sempre menor do que o risco e as sequelas da doença.
Que tipos de vacinas existem?
Basicamente, existem 3 tipos de vacinas:
As vacinas inativadas: vacinas em que os microrganismos são mortos por agentes químicos. A sua grande vantagem é a total ausência de poder infeccioso do agente (incapacidade de se multiplicar no organismo do indivíduo). Ou seja, estas vacinas não provocam a doença, mas têm a capacidade de induzir proteção contra a doença. A maioria das vacinas do Programa Nacional de Vacinação e extra-PNV são deste tipo;
As vacinas “vivas” ou atenuadas: vacinas em que o microrganismo, obtido a partir de um indivíduo ou animal infetado é atenuado, diminuindo o seu poder infeccioso. O microrganismo mantém a capacidade de se multiplicar no organismo do indivíduo vacinado (não causando doença) e induz uma resposta imunitária adequada. Habitualmente, basta a administração de uma única dose para produzir imunidade para toda a vida. Exemplos destas vacinas são:
- A BCG (vacina contra a tuberculose);
- A vacina contra o rotavírus;
- A vacina contra a varicela;
- A vacina contra o sarampo, papeira e rubéola (VASPR).
As vacinas produzidas por recombinação genética: vacinas produzidas através de modernas técnicas de biologia molecular e engenharia genética. O antigénio é produzido por outros microrganismos (por exemplo, leveduras). Exemplos destas vacinas incluem:
- A vacina contra a hepatite B;
- A vacina contra o papilomavírus humano (HPV).
Quando tomar as vacinas?
Com exceção de situações muito particulares, o PNV deverá ser respeitado na íntegra e, a maior parte das vacinas, requer a administração de várias doses.
Existem várias outras vacinas que não estão integradas neste esquema universal, mas que são igualmente importantes e estão recomendadas, particularmente, em idade pediátrica.
Os pais deverão, por isso, aconselhar-se junto do pediatra ou médico assistente.
A maioria das vacinas pode ser administrada simultaneamente, pois não interfere com a resposta imunológica de outras.
Quais são os efeitos secundários das vacinas?
As reações adversas mais frequentes e menos graves ocorrem no local da injeção e são:
Dor;
Edema;
Eritema;
Rubor.
Podem ocorrer em até 50% das doses administradas, dependendo do tipo de vacina. São mais comuns após a toma de vacinas inativadas.
As reações mais generalizadas consistem em:
Febre;
Mal-estar;
Fadiga;
Irritabilidade;
Alterações do sono;
Dores musculares;
Dores de cabeça;
Tonturas;
Náuseas;
Perda de apetite.
Estes sintomas são comuns e inespecíficos, sendo mais frequentes após a administração de vacinas vivas atenuadas.
Existem ainda reações alérgicas potencialmente mais perigosas. Felizmente, estas reações são raras, ocorrendo numa frequência inferior a uma para cada meio milhão de doses administradas.
Podem estar relacionadas com qualquer componente da vacina, surgindo, geralmente, pouco tempo após a administração.
Nunca devemos esquecer que a gravidade de qualquer das doenças preveníveis por uma vacina é sempre superior ao risco de ter uma reação adversa à vacinação.
Há contraindicações à toma de vacinas?
As vacinas disponíveis através do PNV ou por prescrição médica são globalmente seguras.
Assim, as contraindicações são:
Reação alérgica grave a uma dose anterior da vacina ou a algum dos seus constituintes;
Imunodeficiência grave, apenas para as vacinas “vivas” (BCG, sarampo, rubéola, papeira, varicela e rotavírus);
Gravidez, apenas para as vacinas “vivas”.
Na criança com doença aguda grave, é sensato protelar a vacinação para o momento em que haja melhoria clínica.
Se tiver havido reação alérgica não grave a uma vacina, deve ser considerada a administração de nova dose da mesma vacina em meio hospitalar.
É importante saber que não são contraindicações as a seguir apresentadas:
Ter tido em vacinação anterior:
Febre;
Dor/tumefação no local da injeção;
Irritabilidade;
Sonolência;
Convulsão febril simples (na criança entre os 6 meses e 5 anos);
Vómitos;
Diarreia;
Dores nos membros.
Estar com doença aguda ligeira (“constipação” ou diarreia), com ou sem febre;
Estar a tomar medicamentos (desde que estes não tenham ação supressora da imunidade);
Ter doença crónica (de pele, coração, pulmão, rim, fígado ou doença neurológica não evolutiva);
Ter um familiar com reação grave à mesma vacina.
Em caso de dúvida, deverá esclarecê-las com seu pediatra ou médico assistente.
A população infantil deve ser universalmente vacinada com os esquemas aprovados em cada país, respeitando doses e intervalos sugeridos.
As vacinas são a nossa melhor arma para combater as infeções.