Comportamentos como sair do trabalho, ir direto para a pastelaria mais próxima ou chegar a casa e assaltar a despensa ou frigorífico são, também, mais frequentes. Particularmente, nos dias que correm menos bem pelas mais diferentes razões. Depois, pensamentos como “tenho que ter mais força de vontade” ou “falta-me disciplina”, também passam muitas vezes na cabeça das pessoas.
Cada vez mais estudos confirmam que os excessos alimentares não são um problema de falta de autocontrolo, mas de regulação emocional. Estes casos são mais evidentes em pacientes obesos. No entanto, existem novas terapias psicológicas, que dão bons resultados neste campo.
A psicóloga clínica espanhola, Ana Lucas, referiu, em entrevista ao blogue “Alimente” do jornal espanhol “El Confidencial”, que este é um padrão real que «vemos, diariamente, nos gabinetes de psicologia», no entanto, esses comportamentos não estão relacionados com a «força de vontade ou disciplina de cada pessoa», declarou a especialista.
Uma alimentação impulsiva, fruto de uma vontade de comer num momento fora do contexto, parece estar relacionada com a maior «necessidade da pessoa em se acalmar do que de se alimentar», indica a psicóloga clínica. Estes distúrbios alimentares dizem respeito a problemas do «nosso mundo interior», que nos levam diretos, por exemplo, «para um saco de batatas fritas como forma de consolo depois de um mau dia», ilustrou Ana Lucas.
Identificar os “sintomas”
Os estudos relacionam essas vontades de comer com a nossa falta de recursos ou habilidades para nos acalmarmos, quando nos sentimos mal, devido a uma falta de tolerância às emoções negativas.
Ana Lucas apresentou como um psicólogo trabalha com um caso em que existe uma desconexão entre as emoções e o corpo, que pode fazer comer demais. Assim, «deixamos os pacientes verem quais são os fatores que produzem essa desconexão naquele momento», para depois, graças a essa análise guiada, «verem que a comida está a ser uma forma de lidar com as emoções».
A terapia aconselhada
Uma das ferramentas mais poderosas oferecidas pela psicologia para nos ajudar a “reiniciar” o mecanismo emocional que nos faz comer mais do que precisamos é uma técnica que nasceu há 20 anos, nos Estados Unidos da América, pela psicóloga Francine Shapiro.
De acordo com Ana Lucas, há cada vez mais áreas de atenção nas quais o EMDR (dessensibilização e reprocessamento através de movimentos oculares, na tradução da sigla inglesa) está a demonstrar a sua eficácia. O EMDR é «uma boa opção terapêutica para ajudar os pacientes a apagarem maus hábitos alimentares criados pelas emoções», defendeu a especialista.