Atualmente são diversos os desafios económicos que os consumidores experienciam diariamente. Nesse sentido, a Escolha do Consumidor desenvolveu um estudo para avaliar o impacto do aumento dos preços no quotidiano dos portugueses. Esta análise identifica os principais obstáculos que a população enfrenta, como também as formas de adaptação e superação implementadas.
A esmagadora maioria dos inquiridos (91%) expressa uma perceção negativa quando descreve a situação económica atual do país. “Preocupação”, “pessimista”, “péssimo”, “angústia” e “desilusão” são as palavras mais comuns entre os entrevistados. Apenas 6,5% manifesta sentimentos positivos e 2,5% neutros, o que demonstra que a perceção geral é predominantemente negativa quando falamos sobre esta temática.
O crescente aumento dos preços não passa despercebido pelos consumidores. Entre os participantes da pesquisa, as opiniões sobre o impacto na sua qualidade de vida estão divididas: 40% afirma que teve um impacto considerável, para 31% foi moderado, 14% sentiu ainda um impacto muito significativo, e por fim, 13% aponta que o impacto foi ligeiro.
No que diz respeito aos setores mais afetados pelo aumento dos preços, a alimentação foi a que os inquiridos mais mencionaram (34%). Seguindo-se a habitação (25%), o lazer (18%) e os transportes (8%), como os principais setores impactados por esta evolução dos preços.
“A situação económica que vivemos e os desafios que estão relacionados com este tema são um ponto de preocupação para grande parte dos consumidores. Isto é visível neste estudo, em que o aumento do salário mínimo e o congelamento dos preços de serviços essenciais como a água, a eletricidade e os transportes são algumas das soluções que os participantes propõem para enfrentar o contínuo aumento dos preços”, declara José Borralho, CEO da ConsumerChoice.
O aumento dos preços verificado nos últimos anos tem levado a mudanças significativas nos hábitos de consumo dos portugueses. 14% reduziu ou eliminou mesmo atividades como ir a restaurantes, férias e eventos sociais. Já em termos de alimentação, 9% dos consumidores começou a comprar artigos de marcas brancas, de forma a economizar, e muitos diminuíram o seu consumo de carne, peixe e produtos frescos, optando por alternativas mais em conta.
Quanto às despesas fixas de cada indivíduo, 6% dos participantes tem dificuldades para pagar créditos, cancelou serviços ou renegociou empréstimos para lidar com a pressão financeira. No que toca à mobilidade, 4% dos inquiridos referiu que fizeram mudanças, como o maior uso de transportes públicos e andar mais a pé.
Vários dos entrevistados admitiram ainda que aproveitam as promoções e os descontos como maneira de poupar (40%). Além disso, a redução de gastos não essenciais é outra medida comum (37%). A renegociação de empréstimos, o cancelamento de serviços não essenciais e o frequente uso de cartões de crédito são também estratégias mencionadas para lidar com o aumento de preços.
Como proposta para o governo combater futuras crises devido ao aumento dos preços, 45% dos consumidores sugere a implementação de uma política de preços máximos para bens essenciais. 21% acredita que um controlo mais rigoroso sobre a especulação de preços poderia ser uma medida eficaz para combater o aumento dos preços e outros 21% refere a redução de impostos sobre produtos básicos como uma hipótese.