07Consumir açúcar em bebidas aumenta significativamente o risco de desenvolver diabetes tipo 2, enquanto a ingestão em alimentos sólidos pode até ter um efeito protetor. A conclusão é de um novo estudo publicado na revista científica Advances in Nutrition, que analisou dados de mais de 800 mil pessoas em todo o mundo.
A investigação, liderada por Karen Della Corte, da Universidade Brigham Young, em colaboração com investigadores alemães, revela que cada bebida açucarada de 35 centilitros – o equivalente a uma lata de refrigerante – está associada a um aumento de 25% no risco de diabetes tipo 2. Já os sumos de fruta, muitas vezes considerados mais inofensivos, também representam um perigo: um copo de 24 centilitros eleva o risco em 5%.
O impacto negativo dos açúcares líquidos manteve-se mesmo após os ajustes para fatores como peso corporal, ingestão calórica e níveis de atividade física. “Os nossos resultados indicam que as fontes de açúcar líquido têm um impacto único na saúde metabólica”, referem os autores do estudo.
Em contraste, quando o açúcar é consumido como parte de alimentos sólidos – como fruta ou sobremesas com fibras e proteínas – os investigadores observaram uma redução de 4% no risco de diabetes por cada 20 gramas diárias. “A matriz alimentar parece ser importante”, explica Della Corte, sublinhando o papel dos nutrientes que acompanham o açúcar nos alimentos integrais, que podem atenuar os seus efeitos nocivos.
A diferença está na forma como o organismo processa o açúcar: os líquidos são rapidamente absorvidos, provocando picos de glicose e sobrecarga do fígado, o que favorece a resistência à insulina. Já os sólidos são digeridos de forma mais lenta e equilibrada, reduzindo o impacto metabólico.
Estas conclusões desafiam as atuais diretrizes nutricionais, que tendem a tratar todos os açúcares adicionados da mesma forma. Para os autores do estudo, é tempo de ajustar a abordagem. “Em vez de condenar todos os açúcares da mesma forma, as recomendações futuras devem considerar os riscos únicos do açúcar líquido”, defende Della Corte.