No começo do mês, Vivek Murthy, cirurgião-geral dos Estados Unidos — porta-voz do governo federal para questões de saúde pública — afirmou que o consumo de álcool, mesmo em pequenas quantidades, pode aumentar o risco de cancro, entre eles o de mama. Por isso, segundo ele, bebidas alcoólicas deveriam exibir no rótulo um alerta de perigo.
De acordo com um documento divulgado por Murthy, o álcool é a terceira causa previsível de tumores malignos, depois do tabaco e da obesidade.
A partir de estudos científicos recentes, o especialista aponta que a ingestão de pelo menos de uma bebida por semana já aumenta o risco de desenvolver um tumor de mama em 11,3%. Se o consumo for de sete doses no mesmo período, a probabilidade sobe 13%; com 14, o risco se eleva para 15,3%. Uma bebida equivale a uma long neck de cerveja ou a uma taça de vinho, por exemplo.
A bebida é classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um agente carcinógeno do Grupo 1, na mesma categoria do cigarro, da carne processada (linguiça, bacon, salsicha, presunto etc.), da poluição e dos raios solares.
A bebida contribui de várias maneiras para o desenvolvimento de um tumor maligno. Quando se bebe, o álcool é convertido pelo organismo em acetaldeído, um produto que pode danificar o nosso DNA. Por outro, causa stress oxidativo, facilitando processos inflamatórios crónicos e lesões celulares.
O álcool aumenta a absorção de outras substâncias carcinogénicas, como o tabaco e ingredientes de comidas ultraprocessadas. Por fim, no caso do cancro de mama, especificamente, pode aumentar os níveis de estrógeno, um dos fatores de risco para essa neoplasia maligna.