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Cientistas portugueses investigam novas abordagens para o tratamento do traumatismo crânio-encefálico

Na próxima segunda-feira, dia 17 de outubro, assinala-se o Dia Mundial do Trauma.

13 Outubro 2022
Sandra M. Pinto

Uma equipa de cientistas da Universidade de Coimbra (UC) está a conduzir uma investigação para testar e encontrar novos alvos e abordagens terapêuticas para o traumatismo crânio-encefálico, uma lesão no tecido do cérebro que incapacita a função cerebral, de forma temporária ou permanente, e que pode ter consequências comportamentais e/ou cerebrais.

A investigação em curso pretende encontrar novas respostas para combater os efeitos secundários deste traumatismo, como também prevenir as alterações causadas por um trauma, como mudanças comportamentais (perdas de memória, alterações de humor, dificuldades de aprendizagem e concentração) e cerebrais (nomeadamente, perda de massa branca e diminuição de volume).

Ricardo Leitão, investigador responsável do projeto, e José Luís Alves, coinvestigador

O estudo pretende vir a identificar terapias mais eficazes dado que «um dos grandes problemas do traumatismo crânio-encefálico é a falta de uma terapia eficaz e direcionada contra os seus efeitos negativos», explica Ricardo Leitão, investigador do Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia (CIBB) da Universidade de Coimbra e investigador responsável do projeto “Infiltração de neutrófilos através da barreira hemato-encefálica no traumatismo crânio-encefálico: papel da CXCL8”.

O investigador da UC adianta que «as terapias usadas na atualidade focam-se em tratar os efeitos secundários do trauma (como o edema, a inflamação, as convulsões, e o aumento da pressão intracraniana), mas apesar destas terapias diminuírem os efeitos pós-trauma, e consequentemente melhorarem a vida de doentes após saída do hospital, alguns pacientes desenvolvem consequências comportamentais e alterações cerebrais significativas, meses ou anos após o evento traumático».

Ricardo Leitão adianta que, na Europa, o traumatismo crânio-encefálico «conta anualmente com 2,5 milhões de novos casos e resulta em cerca 100 000 mortes por ano, tendo um grande impacto socioeconómico e afetando não só aqueles que sofrem o trauma, como também os cuidadores e as pessoas que rodeiam quem é diagnosticado com esta patologia».

Para encontrar novas terapêuticas, a equipa de investigação vai usar modelos de culturas celulares para testar e avaliar a forma e os mecanismos usados pelos neutrófilos (células que integram o sistema imunológico, que têm um papel determinante na defesa do corpo contra focos inflamatórios e infeciosos) para migrarem da corrente sanguínea para o cérebro. Paralelamente, vai ser estudado o papel de uma proteína que está envolvida neste processo de invasão dos neutrófilos, uma vez que tem sido associada a um pior prognóstico e/ou a maior probabilidade de morte após um traumatismo crânio-encefálico.

Na próxima segunda-feira, dia 17 de outubro, assinala-se o Dia Mundial do Trauma, efeméride que procura alertar para a crescente ocorrência de acidentes e lesões que causam mortes e incapacidade em todo o mundo, e a sensibilizar a população para a necessidade de prevenir estes problemas. Para Ricardo Leitão, sendo o traumatismo crânio-encefálico uma das maiores causas de morte e incapacidade no mundo, a celebração desta data tem a missão de «enfatizar a importância de salvar e proteger vidas durante os momentos mais críticos. Além disso, é também um dia para fornecer educação sobre como evitar lesões traumáticas e mortes, e sobre a investigação básica e translacional que se faz nesta área pelo mundo fora».

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