«Em Portugal, cerca de um milhão e duzentas mil mulheres passam hoje pela menopausa, o equivalente a 12% da população», Maria Silveira, Grupo Ageas Portugal

“Dar Ouvidos e Voz à Menopausa” dá continuidade ao estudo “Saúde e bem-estar das mulheres” de 2022

Numa altura em que as desigualdades de género estão na ordem do dia, a Médis, via projeto Saúdes (www.saudes.pt), anuncia uma investigação sobre a Menopausa, dando continuidade ao primeiro estudo sobre o tema, lançado em 2022, intitulado “Saúde e bem-estar das Mulheres, um Potencial a alcançar”

As conclusões foram divulgadas hoje, num evento organizado pela marca, sob o mote “Dar ouvidos e voz à Menopausa”, no edifício Ageas Tejo, em Lisboa.

Em Portugal, cerca de um milhão e duzentas mil mulheres passam hoje pelo processo da Menopausa, o equivalente a 12% da população. É a maior de todas as fases da saúde da mulher, ocupando, em média, 40% das suas vidas. É, também, a fase em que mais sofrem: cerca de metade das mulheres assumem mal-estar nesta fase o que, comparando com o mal-estar exibido na puberdade (20% das mulheres) é um número 140% superior, e comparando com o mal-estar exibido na maternidade (12% das mulheres) é um número 300% superior.

“Vivemos numa Sociedade que não está preparada para falar abertamente sobre a Menopausa e até a esconde. Isto colide com a necessidade, que ouvimos da boca da maioria das mulheres com quem

Maria Silveira, Responsável de Orquestração Estratégica, Ecossistema de Saúde Grupo Ageas Portugal

falámos, que vai precisamente em sentido contrário, ou seja, querem e precisam expor, sem tabus, sintomas, medos e anseios em relação ao tema”, alerta Maria Silveira, Responsável de Orquestração Estratégica, Ecossistema de Saúde Grupo Ageas Portugal. “A Menopausa não é uma doença, mas uma condição. Sendo diferente de mulher para mulher, existem tantas Menopausas quantas as mulheres, o que também dificulta. É por isso que ouvir estas mulheres, orientá-las e dar-lhes voz é, em si mesmo, um ótimo “medicamento”, além, claro, de um acompanhamento holístico (ginecologia, psicologia, nutrição, exercício físico). É precisamente nesse sentido que vai este estudo e toda a nossa atuação”, conclui a responsável.

A pesquisa iniciou-se em 2022, com o estudo sobre a Saúde da Mulher, e foi aprofundada no tema da menopausa até março deste ano. Esta análise resultou numa profunda imersão, sendo que após ouvir centenas de mulheres, a Médis propõe uma nova “classificação” da Menopausa, que serve de complemento da existente, de base médica e científica (a qual divide a menopausa em três fases: peri-menopausa, menopausa, pós-menopausa). Na investigação Médis/Projeto Saúdes, tendo em conta a visão e os sentimentos das mulheres (a subjetividade), existem quatros “estados de alma” associados à Menopausa:

1) O Desconhecimento: a Menopausa é uma fase muito pouco valorizada e falada, não só pela Comunidade, mas também pelos Médicos e Profissionais de Saúde (as mulheres não se sentem à vontade para falar do tema, por falta de conhecimento e por se sentirem socialmente constrangidas para o

abordarem). O falar-se pouco contribui para sublinhar o tabu e o medo que as mulheres sentem em relação à Menopausa.

2) Sofrimento: 72% das mulheres entre os 45 e os 60 anos vive num estado permanente de tensão e 50% afirma já ter tido um esgotamento ou depressão, dados que comprovam o sofrimento e a existência de uma relação entre a Menopausa e a saúde mental. Por outro lado, existem mais de 30 sintomas associados à Menopausa, com diferentes expressões e intensidades.

3) Gestão: por ainda ser tabu a Menopausa não é esperada, pensada ou preparada (ao contrário da maternidade e da menstruação), o que aumenta a dificuldade na gestão da mesma. Segundo os dados da pesquisa Médis, 52% das mulheres menopáusicas afirmam preparação má ou mediana para lidar com esta fase de vida. Os afrontamentos (69%), dores nas articulações (49%), suores noturnos e/ou perturbações do sono (48%), ansiedade (45%), secura vaginal (42%) e diminuição da líbido (37%) são alguns dos desconfortos mais manifestados. A nível profissional, 65% das mulheres que se encontram nesta condição sentem discriminação no local de trabalho e 22% já pensou mudar ou abandonar o seu trabalho.

4) Libertação: esta é uma fase de que pouco se fala, mas que é preciso destacar. O processo tem um fim, ou seja, uma libertação. Embora se saiba que alguns dos sintomas podem durar mais de uma década, a maioria deles acaba por se desvanecer. Neste estudo, apenas 20% das mulheres dizem ter sintomas há mais de cinco anos. Esta mensagem de esperança e liberdade precisa, segundo o estudo, de chegar a todas as mulheres, pois todas passam, ou passarão, pelo processo.

Ao longo de toda a investigação foram feitos 707 inquéritos quantitativos a mulheres, 245 dos quais especificamente a mulheres em fase de Menopausa (45 – 60 anos). Fizeram-se ainda 33 entrevistas individuais aprofundadas e cinco reuniões de grupo com mulheres nesta fase, e ainda quatro conversas longas e exploratórias com Médicos e Profissionais de Saúde.

O tema da Saúde da Mulher é uma preocupação da Médis desde a sua origem, em 1996. Depois do lançamento do estudo da Saúde da Mulher, em 2022, onde se denunciavam as quatro bolsas de mal-estar e a normalização das mesmas e se apelou a um foco e ação da Sociedade neste tema, este novo aprofundamento da Menopausa tem como propósito servir de guia para uma ação conjunta, enquanto Sociedade. Para a Médis, é ouvindo e dando voz às mulheres – e respondendo a estes sentimentos e fases pelas quais inevitavelmente passam – que todos podem ser ajuda.

O evento de hoje contou com diversos porta-vozes de renome, entre eles Miguel Oliveira da Silva, Professor Catedrático, Ginecologista-obstetra e Coordenador Científico do estudo “Saúde e Bem-Estar das Mulheres – um Potencial a Alcançar” (2022; Projeto Saúdes); Mónica Rodrigues, Fundadora e Membro do Conselho da PWN; e ainda Cristina Mesquita, Fundadora da Comunidade de Saúde em Menopausa e da VIDAs Associação Portuguesa de Menopausa e Autora do livro “Descomplicar a Menopausa”.

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