O composto químico designado MACTIDE-V foi capaz de reprogramar a atividade dos macrófagos e convertê-los em agentes antitumorais para atacar o cancro de mama, informou hoje a agência noticiosa espanhola EFE.
Os macrófagos são glóbulos brancos do sistema imunitário que, em condições normais, ajudam a eliminar agentes patogénicos (que podem provocar doenças), a combater vírus e a promover a cicatrização, mas a atividade destas células é alterada com um tumor e elas passam a provocar o enfraquecimento dos linfócitos T, importantes para a defesa do organismo.
Parte essencial do sistema imunitário, os linfócitos T perdem quando imunodeprimidos a capacidade de atacar as células malignas, permitindo a expansão do tumor.
O estudo foi realizado ‘in vivo’ em ratinhos fêmeas com cancro da mama triplo-negativo metastático, o mais agressivo do género.
“Decidimos estudar especificamente o cancro da mama triplo negativo, dado que atualmente não existe tratamento direcionado”, explicou Pablo Scodeller, investigador do Instituto de Química Avançada da Catalunha (IQAC-CSIC) e principal autor do estudo, citado pela EFE.
Aqueles tumores são tratados com quimioterapia convencional, que tem efeitos secundários e não estimula o sistema imunitário.
Os resultados do estudo, publicado na semana passada na revista Advanced Science, mostram que o MACTIDE-V aumentou a proporção de macrófagos antitumorais, reduzindo o tumor e eliminando quase por completo a metástase produzida.
“O composto foi capaz de direcionar com precisão os tratamentos para os macrófagos, através de administração intravenosa, sem se acumular no fígado”.
Scodeller assinalou tratar-se da possibilidade de no futuro utilizar o composto “em medicamentos para tratamentos orais”.
A equipa de investigação já apresentou um pedido de patente para o composto, que continuará a ser testado noutros tipos de cancro.
O estudo, liderado por cientistas do IQAC-CSIC, contou com a participação de investigadores da Universidade de Tartu (Estónia), do Instituto de Oncologia do Veneto (Itália), da Universidade de San Martín (Argentina), do Centro Nacional de Biotecnologia (CNB-CSIC) e do Centro de Investigação Biomédica em Rede (CIBER-BBN), de Espanha.
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Lusa/fim