Quando vemos uma pessoa, que está introspetiva, num monólogo interior à procura da resposta a um determinado conflito, esta pode muitas vezes ser mal interpretada. Todavia, um estudo norte-americano revelou, inclusive, que essa prática pode ser benéfica, fundamentando a opinião da psicóloga clínica norte-americana Carla Marie Manly, que em declarações ao site Considerable, identificou este como «um comportamento humano normal».
Esta espécie de diálogo pessoal, quando é expressado oralmente, pode ser visto como algo pouco ortodoxo e resultado de algum problema mental. Contudo, exteriorizar os nossos pensamentos pode «permitir-nos classifica-los de uma maneira mais consciente», explica a especialista.
De acordo com Manly, quando expressamos os nossos pensamentos e sentimentos em voz alta, tornamo-nos mais conscientes do que está a acontecer na nossa mente. Isto porque, «os processos envolvidos na fala em voz alta desaceleraram quando acedemos aos centros de linguagem do cérebro». Assim, a psicóloga clínica afirma que as exteriorizações nos podem «tornar mais focados e conscientes das divagações da mente».
Estudo
A investigação que suporta estas ideias examinou os benefícios de conversar consigo mesmo. Para tal, selecionou 20 participantes para localizar certos objetos no supermercado. Num primeiro teste, ninguém teve permissão para falar enquanto procuravam esses itens, enquanto no segundo ensaio, os participantes foram informados de que podiam repetir os nomes dos objetos em voz alta.
Ora, constatou-se que na segunda prova foi mais fácil para os indivíduos localizarem os itens. Pois, o facto de falar em voz alta despertou a sua memória e criou uma associação mais forte entre a linguagem e os alvos visuais.
Quando conversar sozinho pode ser motivo de preocupação
Normalmente, se tiver pequenas conversas regulares consigo mesmo, não há razão para acreditar que esteja a experienciar algo de anómalo. Aliás, o diálogo interno pode tornar o indivíduo mais alerta, consciente e capaz de processar melhor os seus sentimentos.
No entanto, existem exceções à norma e, como escreve na revista cientifica, Psychology Today, o psicólogo Jeffrey S. Nevid, «as pessoas que sofrem de distúrbios mentais graves, como a esquizofrenia, também se envolvem em diálogos e podem ser observadas a manterem conversas com vozes dentro das suas cabeças». Segundo o mesmo, a diferença é que esse registo de monólogos internos são direcionados para «outras pessoas ou forças externas a si mesma».
Além disso, a repetição de números, frases ou mantras, que se possa tornar perturbadora ou difícil de parar, pode dever-se a «um problema emocional que vale a pena explorar com um profissional médico qualificado».