Covid-19. O estranho caso do paciente que afirma ter sofrido um efeito adverso após ensaio clínico

Caso relativo à vacina da AstraZeneca continua por esclarecer apesar de não existirem indícios claros de que a administração da vacina possa ter sido responsável. São apontadas motivações financeiras por detrás das queixas do paciente.

Já passou mais de um mês desde que foi relatado um alegado ‘acontecimento adverso’ durante o ensaio da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca, na Índia, mas até à data o regulador sanitário do país não comentou a situação. Os ensaios não foram suspensos em nenhum momento.

O incidente teve lugar em Chennai, no sul da Índia, no mês passado, durante os ensaios da vacina contra o novo coronavírus, desenvolvida pela AstraZeneca em conjunto com Universidade de Oxford.

Um acontecimento adverso é definido como qualquer problema médico inesperado que envolve alguém que tenha tomado um produto farmacêutico. A 1 de outubro, um voluntário com 40 anos recebeu a vacina, mas dez dias depois queixou-se de uma forte dor de cabeça, seguida de vómitos.

Enviou então uma notificação legal ao Serum Institute of India (SII), que está a desenvolver a vacina da AstraZeneca na Índia, e também à autoridade nacional reguladora de medicamentos, solicitando 50 milhões de rupias (cerca de 555 mil euros) em danos.

De acordo com o aviso legal, houve uma mudança de comportamento do voluntário: desenvolveu uma estranha irritação ao luz e ao som. O hospital que o tratou após as queixas observou que estava “desorientado”, de acordo com relatos dos meios de comunicação locais. Durante a sua hospitalização, de 11 a 26 de outubro, foi submetido a um exame médico extensivo.

A esposa do paciente disse ao The Hindu que embora o estado do seu marido tenha melhorado desde outubro, ele ainda não recuperou totalmente e ainda vai consultar outro neurologista.

O SII defendeu o julgamento e apresentou um pedido de indemnização por danos superiores a 1 bilião de rupis (11,27 milhões de euros) pelas suas alegações nos meios de comunicação social contra a vacina, que considera “maliciosas e mal concebidas”, uma vez que o voluntário foi “especificamente informado pela equipa médica de que as complicações que sofreu eram independentes do ensaio da vacina a que foi submetido”.

“Embora o Instituto Serum da Índia seja solidário com a condição médica do voluntário, não há absolutamente nenhuma correlação com o ensaio da vacina e a condição médica do voluntário. O voluntário está a colocar falsamente a culpa pelos seus problemas médicos no ensaio da vacina contra a covid”, disse um porta-voz do SII aos media locais.

“É evidente que a intenção por detrás da divulgação de tal informação maliciosa é um motivo monetário”, acrescentou.

Até agora, o regulador de saúde da Índia tem permanecido em silêncio sobre o alegado acontecimento adverso e não houve qualquer declaração oficial. O SII está a realizar ensaios clínicos da vacina na Índia em 15 centros diferentes com pelo menos 1600 participantes.

 

 

Fonte: Executive Digest

 

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