Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e do laboratório IMP Diagnostics, no Porto, desenvolveram um protótipo que recorre à Inteligência Artificial (IA) para o diagnóstico de cancro colorretal.
Em comunicado, o instituto do Porto esclarece que o estudo, publicado hoje na revista científica “Precision Oncology” e também desenvolvido por investigadores do laboratório de Anatomia e Patologia Molecular IMP Diagnostics, retrata o “primeiro protótipo que aplica Inteligência Artificial ao diagnóstico colorretal”.
A investigação assenta no aperfeiçoamento de um protótipo que recorre à IA como “ferramenta complementar” ao diagnóstico de biopsias de cólon e reto, bem como na disponibilização “do maior banco de imagens digitalizadas de patologia colorretal”, que passa a estar disponível “ao serviço da investigação e do avanço do conhecimento nesta área”.
“O protótipo foi desenvolvido com base numa inovação técnica, na qual foi aplicada uma nova metodologia de treino mais eficiente, que permite reduzir significativamente o número de imagens necessárias para ensinar o modelo de IA, sem comprometer o seu desempenho. Estes avanços não só impulsionam a tecnologia de análise de imagem, como também contribuem para o desenvolvimento de soluções mais eficazes no diagnóstico de cancro colorretal”, salienta o INESC TEC.
Os investigadores utilizaram cerca de 10 mil imagens de tecidos com cancro colorretal para treinar o modelo, tendo conseguido “uma acuidade diagnóstica de 93,44% e de sensibilidade de 99,7%” na deteção de lesões de alto risco deste cancro.
Mais de metade das imagens digitalizadas, cerca de 5300, fica, a partir de hoje, disponível à comunidade científica.
Citado no comunicado, o investigador Pedro Neto, do INESC TEC, destaca que “parte das imagens pode ser usada para treino de outros modelos de IA e outra servirá especificamente para teste entre ferramentas de IA, o que trará maior rigor e justiça na comparação deste tipo de ferramentas”.
Também a patologista Diana Montezuma Felizardo, do IMP Diagnostics, destaca que esta divulgação de imagens pretende a “promoção da ciência e da partilha de conhecimento científico” e segue “um conjunto de diretrizes internacionais que recomendam que os dados científicos sejam facilmente encontrados, acessíveis, interoperáveis e reutilizáveis”.
A par do INESC TEC e do IMP Diagnostics, a investigação contou também com a colaboração de investigadores do Centro para a Inteligência Artificial em Medicina da Universidade de Berna, na Suíça.
Este estudo integra o projeto CADPATH.ai que é financiado em parte pelo programa COMPETE 2020 e que visa o desenvolvimento de ferramentas de IA para a patologia colorretal e do colo do útero.
Lusa