A possibilidade de um simples exame de sangue poder ajudar a diagnosticar mais rapidamente a doença de Alzheimer ganhou força depois de os investigadores revelarem evidências de que eles podem rivalizar com exames cerebrais dispendiosos ou punções lombares dolorosas no que diz respeito à precisão do diagnóstico.
Estudos recentes deram mais força à possibilidade de exames de sangue serem confiáveis no diagnóstico da demência. Investigadores do Reino Unido lançaram em 2023´um projeto com o objetivo de permitir que as pessoas fossem diagnosticadas em segundos dentro de cinco anos.
Agora, os investigadores analisaram um exame de sangue que já está no mercado, revelando que ele poderá ser tão bom, se não superar, as punções lombares e exames caros usados na deteção de sinais de Alzheimer no cérebro.
Nicholas Ashton, autor do estudo, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, disse que «os resultados tiveram implicações importantes, uma vez que a investigação demonstrou que os medicamentos donanemab e lecanemab podem retardar o declínio cognitivo em pacientes com Alzheimer».
Ashton acrescentou que os testes ainda poderiam ser úteis mesmo que tais medicamentos não estivessem disponíveis – como é o caso no Reino Unido, «isso poderia potencialmente dizer que não se trata de doença de Alzheimer e pode ser outro tipo de demência«, referiu, «tal ajudaria a direcionar o tratamento do doente»
Na Jama Neurology, Ashton explica que «a proteína p-tau217 é um biomarcador conhecido para alterações no cérebro associadas à doença de Alzheimer».
Estudos anteriores demostraram que pode ser usado para diferenciar a doença de Alzheimer de outras doenças neurodegenerativas e para detetar a doença mesmo no caso de um dano cognitivo leve.
As medições desta proteína no sangue têm mostrado ser promissoras enquanto ferramenta de diagnóstico para a doença de Alzheimer, no entanto, a disponibilidade destes testes para pesquisa e uso clínico é limitada.
Na tentativa de melhorar a disponibilidade, os investigadores avaliaram um exame de sangue comercial existente para p-tau217, denominado ALZpath. Os fabricantes do ALZpath estão em negociações com laboratórios no Reino Unido para lançá-lo para uso clínico este ano.
Henrik Zetterberg, coautor do estudo, desenvolveu uma pesquisa que envolveu a análise de dados de diferentes ensaios realizados nos EUA, Canadá e Espanha, e que envolveu 786 pessoas, com e sem deficiência cognitiva.
Durante três ensaios, os doentes foram submetidos a uma punção lombar ou a um exame PET amiloide para identificar sinais de proteínas amiloide e tau – características da doença de Alzheimer. Depois, a equipa comparou as descobertas com os resultados do exame de sangue ALZpath.
Os investigadores referem que a sua análise «mostrou que o exame de sangue foi tão preciso quanto os testes baseados em punções lombares e foi superior às avaliações de atrofia cerebral na identificação de sinais de Alzheimer», o que levou Ashton a concluir que «“80% dos indivíduos poderiam ser diagnosticados definitivamente com um exame de sangue sem qualquer outra investigação».