A UCI apresenta aquelas que serão as 4 tendências que marcarão o novo ano no que ao crédito habitação diz respeito.
Descida prevista das taxas de juro
A Euribor registou a sua primeira descida em novembro e perspetiva-se que poderá chegar aos 3% antes do verão, desde que não haja acontecimentos disruptivos que impactem as economias de forma negativa. A atuação dos Bancos Centrais para trazer de volta a inflação a níveis sustentáveis surtiu efeito e, aos poucos, poderemos assistir a um certo regresso à normalidade.
Mais do que o aumento da capacidade de endividamento por via da redução do custo do dinheiro, o mais relevante será o impacto positivo que esta tendência terá na confiança dos diferentes agentes económicos. A subida constante e acentuada das Euribor desde o verão de 2022 fez com que muitos adiassem os seus projetos de investimento.
A habitação no centro da agenda mediática e política
Com eleições à porta, a habitação promete ser um dos temas quentes da campanha eleitoral e o que acontecer a 10 de março determinará em grande parte como será o restante ano para o mercado imobiliário, dependendo das respostas que o novo governo encontrará para as grandes questões do momento: Como apoiar financeiramente os segmentos da população mais frágeis no acesso à habitação? Que política fiscal adotar no âmbito da habitação? Como apostar na renovação do parque habitacional em termos de eficiência energética? Como manter a atratividade do nosso país para o investimento estrangeiro? E como garantir que os jovens possam ter acesso a habitação para poderem começar as suas vidas?
Estrangeiros continuam a ser um segmento importante
Focando dados disponibilizados recentemente pelo Confidencial Imobiliário percebemos que na Área de Reabilitação Urbana de Lisboa, um dos grandes polos do negócio imobiliário em Portugal, os estrangeiros foram responsáveis, no primeiro semestre de 2023, por 24% dos imóveis transacionados e por 29% do montante das transações, o que demonstra bem a importância do investimento estrangeiro para o setor imobiliário em Portugal. Mas, em termos homólogos, registou-se uma redução neste segmento de compradores de 18% e 19%, respetivamente, no número de imóveis comprados e no valor das transações.
Não se espera que esta realidade tenha mudanças significativas em 2024, continuando os estrangeiros a ser um segmento essencial no investimento em imobiliário residencial em Portugal, mas com tanta coisa por decidir com as eleições para a Assembleia da República e sendo a instabilidade inimiga do investimento, este é um indicador que é preciso acompanhar de perto.
Renovação de casas usadas
Segundo dados do INE, os custos de construção de casas em outubro aumentaram 1,5% em termos homólogos, tendo o preço dos materiais diminuído 2,3% e o custo de mão de obra crescido 6,9%. Portanto, apesar de haver alguns sinais de desaceleração do aumento dos preços de construção, a tendência continua para ser de crescimento, o que terá um impacto no preço dos imóveis em estado novo. O que aliado à morosidade da construção permite facilmente concluir que o número de casas novas continuará a ser insuficiente, e as que existirem terão preços proibitivos para a maioria das carteiras.
A aquisição de casas usadas é por isso uma inevitabilidade para a maioria dos compradores. Não tem, no entanto, de ser uma opção menos boa, porque aliando a aquisição à realização de obras podem ter soluções de crédito habitação vantajosas, e que permitam com menos recursos ter uma casa que responda às suas necessidades. Esta é também uma hipótese mais responsável em termos ambientais, especialmente se as obras de renovação contemplarem intervenções que melhorem a eficiência energética do imóvel, porque permitirá dar uma nova vida a um imóvel que já existe, e cuja construção teve um impacto ambiental, em vez de ir apostar na construção de outro imóvel.