Politécnico de Setúbal, através da sua Escola Superior de Saúde (ESS/IPS), assinalou o Dia Internacional do Enfermeiro, que se celebra hoje com um seminário em que se refletiu sobre o valor económico destes cuidados de saúde, em alinhamento com o tema adotado em 2024 pela International Council of Nurses (ICN), que representa milhões de enfermeiros em todo o mundo.
“Nossos enfermeiros, nosso futuro: o poder económico dos cuidados” foi o tema que reuniu, ao longo da manhã, docentes, dirigentes e estudantes da ESS/IPS, para pensar em conjunto o impacto, direto e indireto, da intervenção destes profissionais de saúde nas economias mundiais.
“A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a cobertura universal em termos de Cuidados de Saúde Primários, onde a ação do enfermeiro é primordial, contribuiria para aumentar a esperança de vida em 3,7 anos de 2023 a 2030 e que a insuficiente prestação de cuidados pode custar à economia mundial cerca de 15% do PIB por perdas de produtividade, tal como o investimento em cuidados de enfermagem de qualidade pode aumentar o rendimento económico de famílias e países”, tal como explica Ana Paula Gato, docente da ESS/IPS e membro da comissão organizadora deste seminário.
A responsável sublinha ainda que “em todas as dimensões sociais se sente a relevância dos cuidados dos enfermeiros”, traduzindo-se, por exemplo, na “melhoria dos indicadores de saúde da população, no aumento de bem-estar nas famílias e das comunidades de quem cuidam, no aumento da literacia e acesso aos cuidados, diminuição dos dias de hospitalização e maior equidade, favorecendo maior coesão social e crescimento económico das comunidades”.
“Portugal subaproveita os enfermeiros e as suas competências”
Relativamente à realidade nacional, a enfermeira especialista em Saúde Pública lamenta que a excelência de qualificação e desempenho destes profissionais não receba a devida valorização por parte das organizações de saúde, explicando em parte a saída de muitos para outros países europeus, onde “estão muito bem cotados”. “Portugal subaproveita os enfermeiros e as suas competências, sendo recorrente a sua subvalorização, até no campo das decisões em matéria da gestão em saúde”, refere.
Nesta efeméride, e também enquanto professora de futuros enfermeiros, Ana Paula Gato destaca a “necessidade de continuarmos a trabalhar em prol do desenvolvimento da profissão, pela formação de enfermeiros que sejam reflexivos, que exerçam a sua cidadania e autonomia, que sejam compassivos e próximos, que coloquem os seus saberes ao serviço das pessoas e das comunidades, preocupados com a equidade no acesso aos cuidados, com os mais vulneráveis, com a justiça e o bem comum”. “Creio que a ESS/IPS tem pugnado por isso e acreditamos que os nossos estudantes fazem a diferença”, remata.