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Dia Mundial do Livro: 43% dos portugueses não leem, revela pesquisa

Maior obstáculo para uma rotina de leitura, segundo os inquiridos pela Preply, seriam as tarefas profissionais e domésticas

23 Abril 2024
Sandra M. Pinto

Quando o assunto é a sua relação com os livros, você tem a sensação de que vem lendo cada vez menos ao longo do tempo? Se a sua resposta for “sim”, não se preocupe: esse também é o sentimento de 33% dos portugueses recentemente inquiridos na nova pesquisa da Preply, que, em clima de Dia Mundial do Livro, revelaram à plataforma: acreditam ter-se tornado leitores piores, consumindo cada vez menos histórias ao longo dos últimos anos.

Isto porque, para compreender como pessoas de todas as regiões veem o mundo das palavras, nos últimos dias, a especialista no ensino de idiomas pediu que centenas de portugueses de Norte a Sul partilhassem as suas experiências com os livros, desde os gostos literários aos ambientes mais propícios para se dedicarem a uma nova história. Durante o levantamento, os inquiridos ainda puderam identificar os maiores “vilões” da leitura em Portugal, entre opções como as responsabilidades domésticas e redes sociais.

Afinal, o que (e como) leem os portugueses? 

Embora nem todos os inquiridos no estudo da Preply se reconheçam como amantes da literatura, se há algo que o levantamento deixa claro é como, pelo menos entre os que se consideram como tal, há muito a dizer sobre a paixão pelos livros — uma relação pautada por diferentes rituais, escolhas e preferências.

Quando o assunto são as diferentes modalidades de leitura, por exemplo, enganam-se aqueles que apostam na popularidade de certos formatos tidos como mais “modernos”: de acordo com cerca de 77,5% dos portugueses, o livro impresso continua a ser a opção mais agradável para se dedicar a uma boa história, percentagem que o coloca muito à frente de alternativas em ascensão como os e-books (6,6%) e audiolivros (1,7%).

Já em relação aos géneros literários, por sua vez, as opiniões tendem a ser um pouco menos unânimes, com os livros de ficção (58,4%) e mistério e suspense (50,7%) liderando o topo de um pódio no qual também se destacam obras de autoajuda (37%), fantasia e ficção científica (36,1%) e, claro, as boas e indispensáveis histórias de amor (25,2%).

Ora, mas e quanto às melhores ocasiões para se dedicar à leitura? O que dizem os portugueses? Ao serem questionados sobre as situações que mais costumam exigir a companhia de um livro, 9 em cada 10 inquiridos demonstraram predileção pelos momentos tranquilos em casa, enquanto outros afirmaram ler mais durante férias e viagens (35,9%), em praças e parques (28,2%) e em filas de espera (16,7%).

Demandas de trabalho são o maior obstáculo para uma vida de leitura 

Perante um cenário de excesso de informação e constante escassez de tempo, não é raro que os portugueses tendam a ver a própria relação com os livros de forma negativa — uma impressão também reafirmada no levantamento conduzido pela Preply.

Para se ter uma ideia, depois de serem solicitados a avaliar as suas experiências de leitura ao longo do tempo, aproximadamente 42,5% dos internautas partilharam relações de distanciamento do universo das palavras, seja porque nunca tiveram interesse na literatura (9,6%) ou porque perderam o hábito de ler livros ao longo dos anos (32,9%).

Se somados, são números maiores que a parcela que acredita estar lendo cada vez mais (31,2%) ou que vem mantendo o hábito ao longo do tempo (26,1%).

Os obstáculos apontados são diversos, mas chamam a atenção por não se centrarem exatamente em supostos vilões como as redes sociais, mas sim em certo excesso de exigências e responsabilidades — sejam os compromissos profissionais (49,6%) e familiares (44,9%) ou as tarefas domésticas (48,3%).

64% dos portugueses leem livros em outros idiomas 

Por ser uma plataforma especialista em idiomas, um dos interesses da Preply durante o levantamento centrou-se na capacidade de leitura em outras línguas entre os portugueses, principalmente considerando que tal habilidade tem sido cada vez mais requisitada no âmbito profissional ou educacional.

Quando questionados sobre experiências envolvendo obras estrangeiras nas suas línguas originais, 63,6% dos portugueses disseram não ter grandes desafios durante esse tipo de leitura, seja por compreenderem parcial (40,9%) ou totalmente (22,7%) pelo menos um idioma para além do português. Trata-se de uma percentagem mais elevada do que aqueles que afirmaram ainda não ler noutra língua, limitação enfrentada apenas por 36,4% dos respondentes.

Para quem deseja dar o primeiro passo rumo à fluência através dos livros mas não sabe por onde começar, os segredos, segundo os que leem noutras línguas, são basicamente três: investir em dicionários bilíngues ou apps de tradução (45,1%), de forma a poupar tempo de leitura; começar com narrativas infantis ou de fácil compreensão (36,3%) e, ainda, caprichar nas anotações (36,3%) para memorizar mais naturalmente o sentido de certas palavras — dicas simples, mas que só tendem a trazer mais segurança aos interessados.

Metodologia 

Para investigar os hábitos de leitura em Portugal, nas últimas semanas, 500 inquiridos de todos os distritos foram solicitados a responder a 10 questões envolvendo certos detalhes das suas relações e experiências com os livros, desde os géneros literários favoritos até aos melhores ambientes para se estar na companhia de uma boa história. A organização das respostas possibilitou a criação de diferentes rankings, nos quais é possível conferir a percentagem de cada alternativa apontada pelos inquiridos.

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