Olhar para os preços de 1985 é como abrir uma janela para um Portugal que já parece distante. Do pão à gasolina, do cinema ao café, cada valor revela não apenas o custo de vida da época, mas também como o país se transformou nas últimas décadas.
O custo de vida em 1985
De acordo com dados do INE, o salário médio mensal rondava os 35 mil escudos (cerca de 175 euros). À primeira vista, os preços parecem incrivelmente baixos, mas é importante lembrar que também os salários eram bastante mais reduzidos e a inflação dos anos 80 pesava sobre as famílias portuguesas.
Eis alguns exemplos:
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Pão: 14 escudos (0,07 €)
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Gasolina: 65 escudos por litro (0,32 €)
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Bilhete de cinema: 120 escudos (0,60 €)
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Café: 20 escudos (0,10 €)
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Jornal diário: 25 escudos (0,12 €)
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Leite (1 litro): cerca de 50 escudos (0,25 €)
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Cerveja: 90 escudos (0,45 €)
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Passe mensal de autocarro em Lisboa: cerca de 1.000 escudos (5 €)
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Casa T2 em Lisboa (arrendamento): 10 a 12 mil escudos (50-60 €) por mês
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Carro novo (ex: Renault 5): cerca de 800 mil escudos (4.000 €)
A vida quotidiana nos anos 80
Em 1985, ir ao cinema era um programa acessível e muito popular, sobretudo em centros urbanos. Já o automóvel continuava a ser um símbolo de estatuto — não estava ao alcance de todas as famílias, mas começava a democratizar-se.
O café era uma verdadeira instituição social: por 20 escudos, as pessoas encontravam-se nas pastelarias e cafés, espaços que eram quase uma extensão da vida familiar e profissional.
As compras eram feitas, em grande parte, em mercearias de bairro, ainda longe dos hipermercados que só se afirmariam mais tarde. As notas e moedas em escudos eram parte da rotina, e muitos portugueses ainda hoje fazem comparações mentais entre escudos e euros.
A economia em mudança
Apesar de 1985 transmitir uma ideia de simplicidade, a realidade económica era marcada por grandes desafios. A inflação rondava os dois dígitos, corroendo o poder de compra. Foi também neste contexto que Portugal se preparava para aderir à Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1986, um passo que alteraria profundamente o rumo económico do país, desde os investimentos em infraestruturas até à abertura dos mercados.
Recordar os preços de 1985 não é apenas um exercício nostálgico. É compreender a história recente do país, a evolução do poder de compra e as transformações sociais que moldaram o Portugal de hoje.










