Com 79 pessoas afetadas por um surto de salmonela relacionado com ovos, nos Estados Unidos, as autoridades de saúde emitiram alertas de segurança alimentar e uma empresa da Califórnia já retirou do mercado 1,7 milhões de dúzias de ovos potencialmente contaminados. Este surto junta-se a outros casos de infeções alimentares envolvendo pepinos contaminados e carne picada crua possivelmente afetada por E. coli.
A especialista em saúde e colaboradora da CNN, Dra. Leana Wen, médica de urgência e professora na Universidade George Washington, explicou por que razão estas infeções alimentares aumentam no verão — e como podemos preveni-las.
As infeções alimentares mais comuns e os seus sintomas
Segundo a Dra. Wen, estas doenças são causadas por vírus, bactérias ou parasitas presentes em alimentos contaminados. O norovírus é a principal causa de doenças alimentares nos EUA, estando associado a cerca de metade dos casos, e pode espalhar-se tanto por ingestão de alimentos ou bebidas contaminadas como por contacto com superfícies tocadas por pessoas infetadas.
As bactérias mais comuns incluem campylobacter, listeria, salmonela e E. coli, sendo muitas vezes transmitidas por alimentos crus ou mal cozinhados. Os sintomas típicos incluem náuseas, vómitos, diarreia, dores abdominais e, em casos mais graves, febre, desidratação e diarreia com sangue.
Salmonela e E. coli: as complicações possíveis
A salmonela, associada ao surto atual, transmite-se principalmente através de alimentos contaminados. Embora muitas pessoas recuperem rapidamente, algumas podem necessitar de hospitalização. Nos EUA, 21 das 79 pessoas infetadas neste surto foram internadas.
Já a E. coli, particularmente a estirpe O157:H7, pode provocar diarreia com sangue e complicações graves como a síndrome hemolítico-urémica (SHU), que pode levar a insuficiência renal ou até ser fatal.
Em ambos os casos, o tratamento principal é manter uma boa hidratação. Antibióticos são raramente necessários e, no caso da E. coli, podem até agravar a situação.
Porque é que estas doenças aumentam no verão?
O clima quente favorece a multiplicação de bactérias. Além disso, os meses de verão são propícios a piqueniques, churrascos e refeições ao ar livre, onde é mais fácil cometer erros de conservação e preparação de alimentos.
Como prevenir infeções alimentares
A Dra. Wen aconselha a seguir sempre os avisos e alertas das autoridades de saúde, incluindo recolhas de alimentos contaminados. No dia a dia, deve:
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Lavar bem frutas e legumes, mesmo que sejam descascados;
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Cozinhar carnes e peixes à temperatura adequada;
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Evitar o uso de utensílios e pratos que tenham estado em contacto com alimentos crus para outros alimentos;
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Não deixar comida fora do frigorífico por mais de duas horas (ou apenas uma, se estiver muito calor);
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Evitar leite cru e ovos não cozinhados;
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Lavar as mãos com frequência e não preparar comida se estiver com sintomas gastrointestinais.
Pessoas mais vulneráveis, como idosos, bebés, grávidas ou doentes crónicos, devem ser ainda mais cautelosas, pois correm maior risco de complicações.