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Editar o ADN para salvar vidas? Médicos fazem história ao tratar um bebé recém-nascido

12 Julho 2025
Forever Young

Médicos norte-americanos realizam, pela primeira vez na história, uma edição de ADN para corrigir mutação genética rara.

Pela primeira vez na história da medicina foi realizada uma edição de ADN dentro do corpo de um ser humano com o objetivo de salvar a sua vida. O procedimento, levado a cabo por uma equipa do Hospital Pediátrico da Filadélfia, nos Estados Unidos, foi realizado num recém-nascido com uma mutação rara e potencialmente fatal.

De acordo com o New York Times, a criança sofria de uma deficiência chamada CPS1, uma doença hereditária que impede o organismo de processar corretamente as proteínas ingeridas. O resultado é uma acumulação de amónia no sangue, substância tóxica que pode causar danos neurológicos graves ou mesmo a morte.

A doença tem uma taxa de mortalidade de cerca de 50% nos primeiros meses de vida. No caso deste bebé, os primeiros sintomas surgiram ainda nas primeiras 48 horas de vida. A situação agravou-se de forma rápida, com os médicos a preverem que seria necessário um transplante hepático antes dos cinco meses de idade.

Terapias genéticas: ex-vivo vs. in vivo

Existem atualmente duas abordagens principais para a edição genética com fins terapêuticos. A primeira, conhecida como ex-vivo, consiste em remover células do paciente, corrigir a mutação em laboratório e reintroduzi-las no corpo. Foi esta a técnica utilizada no tratamento CASQEVI para a anemia falciforme, onde células da medula óssea são modificadas fora do corpo antes de serem devolvidas ao paciente.

Já a segunda abordagem, in vivo, envolve a introdução direta do “maquinário” de edição genética no corpo do doente. Este método permite que a correção da mutação ocorra diretamente nos tecidos afetados, sem necessidade de remover células.

Uma estreia mundial com tecnologia de ponta

Neste caso, os médicos optaram por recorrer à técnica in vivo, utilizando uma versão específica do sistema CRISPR conhecida como base editing. Conforme explica o New York Times, esta técnica permite alterar uma única base do ADN sem cortar ambas as fitas da cadeia dupla, tornando o processo menos agressivo para o genoma.

O tratamento foi administrado através de uma injeção contendo as ferramentas moleculares necessárias para executar a edição. A equipa responsável inclui um dos cientistas que ajudaram a desenvolver a tecnologia de base do ADN, descrito pela publicação como um “hacker da evolução”.

Resultados visíveis em poucas semanas

Sete semanas após o tratamento, os sinais clínicos começaram a mudar. Segundo a mesma fonte, o bebé conseguiu aumentar a ingestão de proteína, reduzir para metade a dosagem dos medicamentos que o mantinham vivo e, até ao momento, não apresentou quaisquer efeitos adversos visíveis.

Os médicos continuam a acompanhar de perto a evolução do caso, atentos a eventuais efeitos a longo prazo. Embora os resultados sejam preliminares, o procedimento representa um marco histórico.

Impacto clínico e limitações atuais

Trata-se de uma única intervenção num único paciente. Como tal, os cientistas sublinham a importância de ampliar a amostra e avaliar os resultados em novos casos antes de considerar a terapia segura ou eficaz em larga escala.

Ainda assim, conforme escreve o New York Times, o sucesso inicial abre caminho para novas possibilidades no tratamento de doenças genéticas graves desde o nascimento.

Cautela e esperança no futuro da medicina genética

Este avanço vem reforçar a promessa das terapias baseadas em edição genética, que nos últimos anos têm evoluído com maior precisão e menos efeitos secundários. A introdução direta de editores genéticos no organismo poderá vir a alterar profundamente o tratamento de doenças hereditárias raras, particularmente aquelas diagnosticadas logo após o nascimento.

O caso continua a ser monitorizado por especialistas em genética, bioética e medicina pediátrica, atentos à evolução do paciente e ao impacto da terapia no seu desenvolvimento futuro.

De acordo com a publicação norte-americana, este poderá ser apenas o primeiro passo de uma nova era de intervenções genéticas em humanos vivos.