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Entrevista: «Corpo e a música são gestos de resistência e de liberdade», Mauro Rodrigues, do Cor(p)o Metropolitano

O projeto reúne cerca de 500 vozes provenientes dos 17 municípios da Área Metropolitana do Porto (AMP)

30 Abril 2025
Sandra M. Pinto

Sob o mote “Abril, em abril”, o Cor(p)o Metropolitano é mais do que um espetáculo: é um movimento coral e comunitário que une diferentes vozes num projeto artístico de forte dimensão social. Criado no seio do projeto MATER 17, nasceu em 2021 como uma resposta criativa à vontade de dar corpo (e alma) a uma região inteira, promovendo cultura, identidade partilhada e participação cívica e geracional. 

Mauro Rodrigues, responsável pela Direção Criativa do espetáculo Abril, em abril e Coordenação do Cor(p)o Metropolitano, revelou em entrevista à Forever Young que o projeto reúne cerca de 500 vozes provenientes dos 17 municípios da Área Metropolitana do Porto (AMP).

Como nasceu a ideia do COR(p)O METROPOLITANO e qual foi o ponto de partida conceptual?

O COR(P)O METROPOLITANO nasceu em 2021, no seio do projeto MATER 17, como resposta a um desejo coletivo: construir uma proposta artística que unisse expressão criativa, participação cívica e um sentimento de pertença dos 17 municípios da Área Metropolitana do Porto. O ponto de partida foi o de dar corpo e voz a um território diverso, através de processos colaborativos e de experimentação artística acessíveis.

Desde a primeira edição, promovemos a participação ativa das comunidades, técnicos, artistas e agentes culturais de cada concelho.

Do ponto de vista conceptual, o COR(P)O propõe-se enquanto voz coletiva deste território diverso (AMP) e das suas idiossincrasias. Nesse sentido acreditamos que este Cor(p)o é também um espaço de escuta, democracia cultural e participação cívica.

O título traz um jogo de palavras entre “corpo” e “coro” – o que é que esse duplo sentido representa dentro do espetáculo?

O nome do projeto procura traduzir a identidade deste trabalho que tendo como base o canto coral explora também outras dimensões performativas como é o caso do movimento. Em Abril, em abril, o cruzamento destas duas dimensões, dá uma vez mais, forma a organismo vivo e plural, onde o corpo e a música são gestos de resistência e de liberdade.

Qual foi o maior desafio em conciliar as linguagens do corpo, da música e da cidade numa só obra?

O maior desafio e anseio é sempre, o de conseguir que todo esse trabalho de trabalho de criação seja assimilado por todos participantes, e que cada um deles se reveja em todo este processo coletivo.

Que tipo de experiência quer provocar no público ao assistir ao concerto?

Uma celebração, e um apelo à memória. Tal como o Cor(p)o Metropolitano, também Abril é um processo de construção coletiva em sociedade e de que importa cuidar. Esperamos, sobretudo, que o público leve consigo uma vontade renovada de viver Abril, todos os dias.

Como foi o processo de composição musical? Houve improvisação ou foi tudo estruturado?

O espetáculo Abril, em abril é, com algumas adaptações, a reposição de Abril, em Setembro, que apresentamos em setembro de 2024. Nesse sentido o espetáculo tinha já uma base consolidada que mereceu apenas alguns ajustes do ponto de vista musical.

O concerto trabalha com sons urbanos? De que forma o ambiente metropolitano influencia o som?

Embora este ano o espetáculo não explore diretamente os sons urbanos no sentido mais convencional, o COR(P)O é inspirado na “pulsação” de cada um destes municípios e do território AMP.

Em 2024, essa ligação ao espaço urbano teve maior expressão. Levámos o espetáculo à rua, envolvendo o público e a cidade num percurso que começou no Coliseu e culminou na Igreja de Santo Ildefonso.

Existe uma orquestra tradicional envolvida ou a formação é mais experimental?

A abordagem ao processo de trabalho é, acima de tudo, de carácter experimental e colaborativa. O Cor(p)o Metropolitano conta com um ensemble de músicos de excelência, o Aleksandar Carić, o André NO, o André Nunes, a Inês Lapa, a Fátima Neto, a Isabel Rodrigues, a Marisa Oliveira e o Miguel Fernandes, que, além da execução musical do espetáculo, dirigem simultaneamente todo o processo de criação e ensaios.

Os performers seguem uma coreografia fixa ou há espaço para liberdade e resposta ao ambiente?

Para o trabalho de movimento convidámos a Helena Oliveira que desenvolve, neste projeto, um trabalho, também ele, de apelo ao uníssono. Sustentado numa primeira fase de pesquisa coreográfica e de experimentação, em cena este trabalho explora a dimensão orgânica deste Cor(p)o, também neste caso, nessa procura do todo e do que pode ser coletivo.

De que maneira os intérpretes dialogam com o espaço urbano/metropolitano?

Cada espetáculo nasce do território e dos seus lugares e para o território. O diálogo com o espaço urbano não é apenas simbólico. A circulação do projeto e das suas criações pelos vários municípios exige sempre uma resposta às possibilidades, desde logo, de cada local de apresentação. Procuramos uma abordagem site-specific, a partir diferentes dimensões de lugar, da paisagem natural e arquitetónica, do contexto geográfico e das relações possíveis com o património, que estão sempre presentes em cada criação.

O concerto é pensado para um palco tradicional ou ocupa espaços urbanos?

O COR(P)O METROPOLITANO desafia, desde logo pela sua escala, as dimensões mais convencionais de palco. Nesse sentido este é mais um projeto de ocupação de espaços e de proposta de novas soluções espaciais de apresentação e menos pensado, à partida, para palcos mais convencionais.

Há uma crítica ou reflexão sobre a vida metropolitana implícita na obra?

A Área Metropolitana enquanto território é seguramente e antes de mais, todas as pessoas que o habitam. Tornando-as voz deste diverso território, procuramos não só auscultar os seus anseios, as suas propostas e as suas dificuldades, mas também o seu orgulho enquanto populações. Inevitavelmente tudo isso acaba sempre por integrar o processo de construção e de criação de cada espetáculo.

Houve envolvimento da comunidade local, de artistas da cidade?

O Cor(p)o Metropolitano é um projeto comunitário e de comunidades. Agrega pessoas de todas as idades, sendo aberto a todos independentemente da experiência musical, e conta atualmente com cerca de 500 participantes oriundos dos 17 municípios de constituem a Área Metropolitana do Porto.

Quanto tempo levou para o concerto tomar forma desde a conceção até a estreia?

O processo de criação de Abril em setembro, foi de cerca de 6 meses, em 2024, a que somaram 4 meses de trabalho em 2025 e que culminou com a apresentação de Abril, em abril, a 25 de Abril, no Coliseu do Porto.

 Há planos para levar o COR(p)O METROPOLITANO para outras cidades ou adaptá-lo para outros contextos?

Temos vindo a percorrer o território dos 17 municípios da AMP, apresentando espetáculos em cidades como Espinho (2022), Paredes (2023) e, nos últimos dois anos, no Porto. Neste momento estamos já a pensar na celebração do 5ª aniversário desta enorme aventura e contamos poder dar mais detalhes sobre uma futura apresentação pública em breve.

Para si, pessoalmente, o que significa o COR(p)O METROPOLITANO?

Pessoalmente, o COR(P)O METROPOLITANO é, além de um projeto artístico, um gesto coletivo de afirmação, onde cada pessoa traz consigo o seu lugar e a sua história. É um lugar de esperança sempre renovada, na vontade de conseguirmos, juntos, fazer-mos algo maior do que nós.

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