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Entrevista: «O Festival Na Minha Casa assume uma componente solidária relevante», Sofia Grillo, Casa do Artista

Camané, Marisa Liz, Paulo de Carvalho, Toy, José Cid, Ana Bacalhau, Carolina de Deus e Marco Rodrigues dão voz à primeira edição do festival.

10 Janeiro 2025
Sandra M. Pinto

A primeira edição do Festival Na Minha Casa, promovido pela Casa do Artista, arranca a 13 de janeiro e decorre todas as segundas e terças-feiras, sempre às 21h, até 4 de fevereiro, no Teatro Armando Cortez.

A propósito desta iniciativa, a Forever Young conversou com Sofia Grillo, membro da Direção da Apoiarte, que nos revelou que «o Festival Na Minha Casa assume uma componente solidária, com os artistas a oferecerem as receitas à Casa do Artista, contribuindo assim para a requalificação do Teatro».

Conte-nos um pouco da história da casa do artista?
A Casa do Artista foi um projeto muito sonhado. Já na década de 1930, Maria Mattos dirigiu uma carta a Salazar a dar conta da necessidade de existir em Portugal uma Casa de Repouso para os artistas. Mas é nos anos 60 que Raul Solnado regressa do Brasil com o exemplo de uma Casa para os Artistas. É desde aí que essa ideia é agarrada por um conjunto de artistas conhecidos e que com muita persistência e a mobilização de muitos apoios acaba por ser concretizada. Em 1999 é finalmente inaugurada a Casa do Artista. E foi um projeto, desde logo, pensado como resposta social, mas também com uma forte vertente artística e cultural.

Neste momento a APOIARTE – Associação de Apoio aos Artistas é composta por cinco estruturas fundamentais: Residência Sénior, Teatro Armando Cortez, Centro de Formação, Galeria Raul Solnado e Centro de Documentação Carmen Dolores.

À história da Casa do Artista ficam para sempre associados nomes como Armando Cortez, Pedro Solnado, Octávio Clérigo, Manuela Maria, Carmen Dolores, Raul Solnado, António Parente, José Cabeleira, entre muitos outros.

E o Teatro Armando Cortez, de que forma se insere ele na dinâmica da Casa?
O Teatro Armando Cortez abriu portas em 2003. Desde 2004 que tem uma companhia residente, o TIL – Teatro Infantil de Lisboa, que trabalha a programação infantil. Temos depois uma gestão da restante programação feita diretamente pela Casa do Artista. Este Teatro dá palco aos artistas que se encontram no ativo, tem sido também várias vezes pisado por alunos que se encontram ainda em formação nas áreas artísticas – pelas novas gerações de artistas, portanto – e é uma estrutura de apoio financeiro à Residência Sénior. Como sabemos, a área social é subfinanciada pelo Estado sendo, por isso, sempre deficitária. Na Residência Sénior apoiamos diretamente 75 artistas, com mais de 65 anos, e manter esta estrutura de apoio de forma digna e com qualidade aos nossos colegas mais velhos tem um custo avultado. O Teatro Armando Cortez é, por isso, uma importante estrutura de apoio sob vários pontos de vista e também uma estrutura natural no âmbito de uma Associação que se dedica à cultura e às artes.

Como surgiu a ideia deste festival?
A ideia deste festival surgiu em 2021, com a entrada da Direção que integro desde essa altura. Depois da pandemia a situação financeira da Casa do Artista estava ainda mais fragilizada, e a Direção precisava de encontrar caminhos para equilibrar financeiramente o barco. O Teatro não disponha, no entanto, de condições técnicas para a realização de um evento desta natureza. Ao longo dos últimos 3 anos fizemos obras profundas de requalificação do equipamento, com o apoio de várias entidades. Mas também com investimento próprio. Finalizada a requalificação do Teatro Armando Cortez no último trimestre de 2024, estavam agora reunidas as condições técnicas para pormos de pé este projeto.

Qual a sua finalidade?
O Festival Na Minha Casa traz uma nova dimensão de programação ao Teatro Armando Cortez e é, para a Casa do Artista, uma forma de angariação de fundos essencial. Para podermos, por um lado, fazer face às despesas das obras de requalificação do Teatro Armando Cortez e, por outro, para garantirmos a continuidade do trabalho de apoio social aos nossos colegas artistas mais velhos que vivem na Residência Sénior.

De que modo escolheram os artistas que vão participar?
Lançamos o desafio a vários músicos e conseguimos conciliar as agendas destes 8 extraordinários nomes para esta primeira edição. Camané, Marisa Liz, Paulo de Carvalho, Toy, José Cid, Ana Bacalhau, Carolina de Deus e Marco Rodrigues. Estamos-lhes profundamente gratos, porque é um verdadeiro ato de amor estarem a doar o seu tempo e o seu talento a esta Causa. É também muito revelador termos conseguido este cartaz de luxo, pois significa que a Casa do Artista é realmente uma Casa/Causa muito acarinhada pela classe artística. Sentimos mesmo que é A Nossa Casa!

Ao todo quantos concertos são?
São 8 concertos. 1 concerto por dia. Às segundas e terças-feiras, de 13 de janeiro a 4 de fevereiro.

Relativamente à adesão do público quais são as vossas expectativas?
Neste momento os dois primeiros concertos, o do Camané dia 13 e o da Marisa Liz dia 14, estão esgotados. Portanto, a nossa expectativa é de esgotar todos os outros. Porque os artistas que aceitaram doar o seu trabalho merecem ter uma sala repleta e porque este é um Festival solidário e os portugueses mobilizam-se sempre muito em torno de boas causas.

Qual é o valor do bilhete?
Os bilhetes custam 25€, à venda em Ticketline e nos locais habituais.

Existe um passe para todos os dias, como nos festivais a que estamos habituados, ou é bilhete por concerto?
É um bilhete por concerto.

Será esta uma iniciativa para continuar?
Sem dúvida! Queremos muito que esta seja a primeira de muitas edições.

Relativamente à Apoiarte – Associação de Apoio aos Artistas, qual o seu objetivo primordial?
A missão da APOIARTE é apoiar e dignificar aqueles que exercem ou tenham exercido funções relacionadas com o setor artístico e cultural.

De que forma se pode ajudar?
Todas as pessoas se podem tornar associadas da Casa do Artista. Podem fazer donativos monetários através de transferência bancária, do site (www.casadoartista.net) ou via MBWay, fazer donativos em espécie e consignar o seu IRS à Instituição. Podem também apoiar através de ações de voluntariado pontuais ou continuadas. E claro, juntando-se ao Festival Na Minha Casa! Nós, da Direção, estaremos também no Teatro Armando Cortez para receber os músicos e o público que tão generosamente se está a mobilizar para fazer desta primeira edição um grande sucesso!

Festival Na Minha Casa

Oito artistas dão a voz a oito dias de concertos, que prometem trazer um novo dinamismo ao palco do Teatro Armando Cortez:

13 janeiro – Camané

14 janeiro – Marisa Liz

20 janeiro – Paulo de Carvalho

21 janeiro – Toy

27 janeiro – José Cid

28 janeiro – Ana Bacalhau

03 fevereiro – Carolina de Deus

04 fevereiro – Marco Rodrigues

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