Por: Vasco Barbosa, Regional Master Trainer Holmes Place Portugal
É normal que queiramos o melhor para o nosso treino, o mais eficaz e o mais rápido. A tendência é procurar o que “funciona” ,ou pelo menos o que achamos o que funciona, o melhor treino, os melhores exercícios, os que tonificam mais, os que fazem perder barriga, os que queimam mais calorias. E é sobre este ultimo tópico que pretendo abordar, as CALORIAS!
Devo alertar para quem está a ler, que se está à procura de encontrar neste artigo um guia, ou uma receita de exercícios mais indicados, não será aqui que os vai descobrir. Seria incorrecto e até injusto estar a indicar algo como “solução” quando muito provavelmente pode não o ser. Não basta escolher. Há que ter em conta os fatores que definem essa escolha e deste modo tomei a liberdade de os identificar:
1. Pessoa
A capacidade física, a experiência de treino e/ou eventuais limitações, podem e devem ter influencia nas nossas escolhas. Pessoas com mais capacidade, experiência e saudáveis, à partida poderão fazer exercícios mais complexos, mais técnicos e com isso obter um maior dispêndio energético. Pelo contrário, pessoas menos resistentes, mais sedentárias e com limitações físicas, deverão ter especiais cuidados, abordar exercícios mais simples, controlados, com maiores descansos e naturalmente com menos gasto calórico.
2. Execução
É um facto, e as evidências cientificas suportam-no, que quanto maior é a intensidade colocada por um exercício, maior é a demanda energética por ele provocada. As variáveis responsáveis por essa intensidade são:
2.1 – Carga: esta pode ser definida por cargas externas, sejam máquinas, barras, halteres…e/ou pelo próprio peso corporal. Pegando neste último exemplo, exercícios iguais para pessoas diferentes e com pesos diferentes, geram respostas distintas a nível de recrutamento energético, uma vez que o esforço necessário para a realização do exercício não é o mesmo (necessidade de mover pesos diferentes).
2.2 – Cadência: por cadência consideramos o tempo de execução de cada repetição. Exercícios com ritmos distintos apresentam naturalmente esforços diferenciados.
2.3 – Amplitude de movimento: traduzida pelo grau de movimento realizado. Quanto maior é a amplitude, maior é a quantidade de fibras musculares utilizadas e consequentemente uma maior necessidade energética.
3. Exercício
Exercícios isolados (recrutamento de um grupo muscular) são diferentes de exercícios globais (recrutamento de mais de que um grupo muscular). Exercícios de grandes músculos (ex: perna) são diferentes de exercícios de pequenos músculos (ex: bicípite). Quanto mais e maiores forem os grupos musculares, maiores são as necessidades energéticas para os recrutar.
Conclusão
É inegável que a seleção dos exercícios é relevante quando o intuito é procurar aqueles que mais calorias permitem gastar. Contudo, identificar exercícios, sem considerar QUEM os faz e COMO se faz, é provavelmente subestimar a base do todo um processo. Não nos podemos esquecer que os exercícios são um meio para atingir determinados fins, logo a qualidade e quantidade da sua execução definem se serão benéficos ou pelo contrário, prejudiciais.
Finalizando, deixo ainda aqui um tema que, quem sabe, poderá servir de mote para um próximo artigo. Gasto calórico NEM SEMPRE é sinónimo de qualidade, logo não deve ser o principal fator na seleção dos exercícios que compõem o treino.