Espetáculos de teatro, performances, concertos, formações em artes cénicas, debates e mostras de fotografia preenchem o 2.º Festival Eufémia, a decorrer em Lisboa de 31 de outubro a 05 de novembro, que liga criação artística a contextos sociais e políticos.
A biblioteca de Marvila, o Auditório Camões e o Mercado de Culturas, em Arroios, são os locais onde decorre o certame, este ano subordinado a “Perspetivas de género e identidades em cena”, disse à agência Lusa fonte da organização.
“Propostas de pessoas com identidades diversas, que expressam, resistem e transformam a partir do compromisso de construir uma ligação entre a criação artística, a sua história pessoal e os contextos sociais e políticos concretos em que estão inseridas” vão estar em debate no certame, acrescentou.
Responder “à urgência de criar, em Lisboa, um projeto que acrescente visibilidade a iniciativas artísticas concebidas a partir de perspetivas de género de caráter interseccional” e dar foco às complexidades que afetam os processos identitários são objetivos do festival.
Pensado como “uma poderosa ferramenta de expressão e transformação artística, social e política”, o certame é organizado pelo grupo Eufemias, constituído em 2020 por seis artistas, investigadoras e formadoras da Argentina, do Brasil e de Portugal.
O nome do festival remete para a ceifeira alentejana morta em Baleizão por um guarda durante a ditadura do Estado Novo, e “para as lutas pela igualdade de oportunidades, para as denúncias contra as diferentes violências sistémicas, pelo direito e o dever de dizer não, assim como pelo direito e o dever de fazer algo para expor as formas de opressão, dependência e violação de direitos”.
“Rosa Cuchillo (Rosa Faca)”, de Ana Correa, é a obra que, no dia 31, abre o certame, numa representação que foi criada para ser apresentada em mercados andinos do interior do Peru.
Ainda no dia 31, haverá uma apresentação musical interpretada pelo grupo Fio à Meada que interpretará canções e histórias de vidas de mulheres lavadeiras, ceifeiras, mondadeiras, mães e filhas, nomeadamente canções de trabalho, de resistência no feminino, de raízes e de construção de liberdade.
A 01 de novembro, a peça a apresentar é “Blanca es la Noche (Branca é a Noite)”. Com dramaturgia e encenação de Julia Varley, do Odin Teatret (Dinamarca), e interpretação da argentina Ana Woolf.
O espetáculo é inspirado em poemas da autora brasileira Hilda Hilst e na história da poeta italiana Alda Merini e no conto “Miss Algrave”, da escritora brasileira, de origem ucraniana, Clarisse Lispector.
Dia 02 de novembro é a vez da performance “Corpo na Trouxa”, de Shahd Wadi, que põe em palco a história do exílio da sua família palestiniana, e de “Entre pele, sangue e ossos”, de Sanara Rocha, uma “palestra-ritual performativa do tabu sobre o sangue menstrual feminino como uma justificação para a interdição das mulheres no território percussivo sagrado e noutros espaços simbólicos”, acrescenta a organização.
“Confesiones (Confissões)”, no qual a autora Ana Correa partilha com o público o seu processo criativo em constante diálogo com as personagens criadas nas obras do seu grupo de teatro, Yuyachkani, especialmente as surgidas durante o período da violência política no Peru, será apresentado no dia 03.
De 01 a 03 e na tarde de 04 de novembro, decorre a performance-instalação “From Above/Do Alto”, de Sílvia Almeida, em vários espaços da Biblioteca de Marvila.
Na noite de dia 04 será representado “Exercício para performers medíocres”, uma performance a solo na qual Tita Maravilha, ou “a pior das actrizes” como desafia na apresentação, propõe ao público um exercício que é “essencialmente triste e naturalmente ruim”, e um espetáculo musical com a cantora e compositora Rosana Peixoto.
Na tarde de dia 05 haverá a “Parada final”, um percurso na rua, em Marvila, no qual as várias pessoas integradas no II Festival Eufémia apresentam intervenções artísticas e em que a comunidade pode participar. Haverá ainda um concerto pelos Fado Bicha.
A programação do II Festival Eufémia inclui, também, uma residência artística, assim como diálogos e formações, a decorrerem de 30 de outubro a 05 de novembro, e três mostras de fotografia.
O programa completo pode ser consultado nas páginas do grupo nas redes sociais Facebok e Instagram – https://www.facebook.com/grupoeufemia e https://www.instagram.com/eufemias_/ – ou na página do coletivo na internet – www.eufemias.pt.