A empresa Tomorrow Bio, sediada em Berlim, está a liderar uma iniciativa ousada: a criopreservação de corpos humanos logo após a morte legal, com a esperança de que a ciência do futuro possa um dia trazê-los de volta à vida.
O processo chama-se criopreservação e consiste em preservar o corpo a temperaturas extremamente baixas, imediatamente após o óbito, para evitar o seu deterioramento. Equipas médicas especializadas iniciam o arrefecimento imediato do corpo, substituindo depois os fluidos corporais por soluções químicas que actuam como “anticongelantes biológicos”, protegendo as células e tecidos de danos causados pelo frio. O corpo é então armazenado numa instalação na Suíça, submerso em azoto líquido a temperaturas ultrabaixas.
A Tomorrow Bio disponibiliza duas opções: a preservação do corpo inteiro, com um custo aproximado de 199 mil dólares, ou apenas do cérebro, por cerca de 60 mil dólares. Mais de 650 pessoas já aderiram a este serviço, motivadas pela crença de que a morte pode não ser o capítulo final da existência.
Apesar de a reanimação de corpos criopreservados ainda não ser uma realidade científica, a empresa está confiante nos avanços esperados nas próximas décadas, particularmente nas áreas da biotecnologia, medicina regenerativa e inteligência artificial. Para os seus clientes, esta tecnologia representa uma pausa – e não o fim – à espera de um futuro onde a ciência poderá redefinir os limites da vida humana.
Esta proposta inovadora levanta inevitavelmente dilemas éticos e filosóficos: o que significa realmente morrer? Até onde pode — ou deve — a ciência ir? E como lidamos com a possibilidade de “adiar” a morte indefinidamente?
No entanto, este serviço integra-se numa tendência mais vasta onde a tecnologia procura intervir em todas as fases da vida humana, até mesmo no seu término. Avanços como terapias genéticas, medicina personalizada, órgãos impressos em 3D e diagnósticos assistidos por inteligência artificial já estão a transformar a forma como vivemos — e, cada vez mais, a forma como poderemos continuar a viver.
Na encruzilhada entre ciência, esperança e imaginação, a criopreservação levanta uma nova hipótese: e se o fim não for o fim?