A DECO PROteste reúne alguns deles e explica como evitá-los. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos, cerca de 600 milhões de pessoas em todo o mundo ficam doentes depois de consumirem alimentos contaminados; 420 mil acabam por morrer.
Regra geral, os alimentos que consumimos são seguros, mas «há hábitos de higiene (ou falta dela) e pequenos erros na cozinha que apesar de parecerem inofensivos podem levar a intoxicações alimentares», refere a Deco.
USAR VÁRIAS VEZES A MESMA COLHER PARA PROVAR O COZINHADO
Não existe outra forma de saber se o que está a cozinhar está bom. Para fazer um brilharete na cozinha é essencial que prove o que está a preparar para ajustar os temperos. «No entanto, não deve utilizar mais do que uma vez a mesma colher», alerta a Deco.
«A nossa boca alberga uma flora bacteriana que é diferente da de todas as outras pessoas. Se a somar a isso estiver doente e provar a comida com uma colher que já usou previamente, o mais certo é que exista contaminação cruzada. Este hábito é ainda mais problemático se a prova for feita no fim de o prato estar cozinhado». A maioria dos micro-organismos só é destruída se for submetida a uma temperatura de ebulição (mínimo 100ºC), durante 15 a 30 minutos. «Ao provarmos a comida já preparada com uma colher que já foi utilizada, não haverá destruição bacteriana, uma vez que a temperatura já estará mais baixa. Além disso, existem bactérias que produzem toxinas e que causam gastroenterite. Se não consumirmos logo o prato que cozinhámos, as bactérias multiplicam-se e terão tempo de produzir essas toxinas. No próprio dia pode até nem sentir nada, mas no dia seguinte, em que a carga bacteriana é maior, pode ficar doente».
O ideal é que use uma colher lavada sempre que necessitar de provar o que está a cozinhar. Em alternativa, lave a colher com detergente e água a uma temperatura elevada antes de voltar a introduzi-la no cozinhado, aconselha a Deco.
LAVAR A CARNE ANTES DE A COZINHAR
Ao lavar a carne, «podemos estar a espalhar a carga bacteriana que esta eventualmente possa ter. Os salpicos de água podem projetar as bactérias para as mãos, para a roupa, para a bancada e para os utensílios de cozinha, tornando a cozinha no ambiente ideal para contaminar outros alimentos que não se cozinham, como fruta e legumes, queijos, charcutaria, entre outros, o que pode levar a uma toxi-infeção. A melhor forma de destruir as bactérias presentes na carne é prepará-la a elevadas temperaturas».
Além disso, há alguns cuidados que deve ter na conservação da carne. «Chegar do talho e colocar os sacos com a carne diretamente no frigorífico é um dos maiores erros que pode cometer. Os alimentos crus, sobretudo a carne e o peixe, podem possuir micro-organismos patogénicos, que, em contacto com alimentos cozinhados, podem levar à contaminação cruzada. No frigorífico, coloque a carne e o peixe, ou outros alimentos crus, nas prateleiras abaixo dos alimentos cozinhados ou prontos a consumir. Guarde estes alimentos em recipientes fechados para que não haja transmissão bacteriana. Congele o que não for consumir no próprio dia ou no dia seguinte», refere a Deco.
Deixar a carne a descongelar na bancada da cozinha é outro erro que deve evitar. As temperaturas ideais de multiplicação bacteriana situam-se entre os 30ºC e os 40ºC. Por isso, a descongelação deve ser feita no frigorífico, num recipiente próprio, para que não haja desenvolvimento de bactérias.
USAR A MESMA TÁBUA DE CORTE PARA TUDO
Deve usar sempre uma tábua de corte diferente para alimentos crus e para alimentos cozinhados. Caso contrário, poderá estar a passar bactérias de um alimento cru para alimentos que já foram cozinhados ou que estão prontos a comer, alerta a Deco.
Para evitar qualquer risco de contaminação, mantenha as tábuas de corte em bom estado de conservação. Sejam de madeira, de plástico ou de silicone, as tábuas de corte dos alimentos devem ser lavadas com água muito quente e detergente depois de cada utilização. Caso sejam lavadas à máquina, deve fazer uma pré-lavagem à mão e, antes de as guardar, deixar secar bem. Deite-as fora se estiverem danificadas.
USAR UM ÚNICO PANO E NÃO LAVAR OS ESFREGÕES
Os panos de cozinha devem estar convenientemente limpos. »Usar o mesmo pano para limpar as mãos, secar os alimentos e para limpar a loiça ou as bancadas é um erro. Os crus, como os hortofrutícolas, podem estar contaminados com bactérias. Se usarmos um pano para secar estes alimentos e depois o usarmos para limpar a cozinha, estamos a contaminar tudo o resto», avisa a Deco.
Outra fonte de contaminação que muitas vezes é desprezada é o esfregão utilizado para limpar a cozinha, cuja carga bacteriana é muito elevada. Depois de cada utilização, elimine os restos de comida, lave o esfregão, escorra-o e deixe secar. Como método desinfetante adicional, junte umas gotas de lixívia em água e coloque o esfregão de molho, pelo menos, durante cinco minutos. É importante deixar o esfregão aberto para evitar que a humidade se acumule. Pode também colocar os esfregões para lavar juntamente com a loiça na máquina de lavar loiça.
Renove os panos e os esfregões com frequência. Quanto mais desgastados estiverem, mais propensos serão a acumular bactérias.
LAVAR OS LEGUMES COM ÁGUA E VINAGRE
«Pode fazê-lo, mas não o faça por achar que assim está a matar as bactérias», diz a Deco. O vinagre não destrói todas as bactérias, pelo que poderá estar sujeito a vir a ter uma toxi-infeção se não lavar os legumes corretamente. No entanto, o vinagre pode funcionar como “repelente” de lesmas ou dos insetos presentes nos legumes, como a alface.
MANTER AS TAÇAS DOS ANIMAIS NA COZINHA
As taças da alimentação dos animais e as caixas de areia dos gatos são uma enorme fonte de contaminação e devem ficar fora da cozinha. De acordo com a NSF, organização de saúde pública norte-americana, as taças de alimentação dos animais estão entre os itens com maior concentração de germes nas nossas casas, avança a Deco. Estes germes podem causar doenças aos animais, mas também aos seus donos, particularmente a pessoas imunocomprometidas. A única forma de mitigar esse risco é lavar as taças frequentemente e mantê-las fora da cozinha.
COLOCAR O TELEMÓVEL NA BANCADA DA COZINHA
A maioria das pessoas nem pensa duas vezes em levar o telemóvel para todo o lado, mas este pode estar bastante mais sujo do que pensamos. «Embora sejam úteis para acompanhar receitas, os telemóveis podem albergar até dez vezes mais germes do que uma tampa de sanita, de acordo com um estudo da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos da América. Por isso, o ideal é que não o pouse na bancada da cozinha. Se tiver mesmo de o fazer, limpe-o antes com um pano de microfibra ligeiramente humedecido ou com toalhetes com 70% de álcool isopropílico».
NÃO LIMPAR O FRIGORÍFICO FREQUENTEMENTE
Se não for usado corretamente, o frigorífico pode ser uma fonte de maus cheiros e de contaminações. «A cada seis meses deve fazer uma limpeza a fundo ao frigorífico e ao congelador para evitar problemas de higiene e de conservação dos alimentos», sublinha a Deco. Retire todas as prateleiras e gavetas e lave-as com água quente e detergente da loiça. Depois, enxague e limpe com um pano.
DICAS PARA EVITAR CONTAMINAÇÕES NA COZINHA
Para evitar contaminações na cozinha, há hábitos simples que deve adotar, alerta a Deco:
Limpe o exaustor e substitua o filtro regularmente, caso não seja possível lavá-lo.
Antes e depois de preparar alimentos, lave os utensílios e as superfícies com água muito quente e detergente. Depois, seque-os cuidadosamente.
Remova os restos de comida da loiça antes de a colocar na máquina. Limpe regularmente o filtro da máquina.
O caixote de lixo deve estar bem fechado e, de preferência, ser de pedal. Esvazie-o com regularidade e lave-o com água e detergente.