Ninguém escapa às consequências da espiral inflacionista que assola a Zona Euro, mas é possível fazer alguns ajustes no orçamento familiar para moderar o seu impacto. Tome nota das dicas para poupar que temos para si.
Como fazer um orçamento familiar?
Apesar de poder parecer óbvio, ainda há muitas famílias que não sabem as despesas que têm. É por isso que criar um orçamento familiar é importante.
Sem este instrumento, não saberá para onde vai o dinheiro nem terá noção de quanto gasta, e a tendência é chegar ao fim do mês com cada vez menos dinheiro. Assim, é urgente que conheça as despesas fixas e variáveis que tem todos os meses. Comece por criar uma tabela com as seguintes colunas:
Rendimentos
Nesta coluna deverá listar todas as suas fontes de rendimento, como o salário, atividades com trabalho independente, pensões ou rendas. Aqui também deverão constar as fontes de rendimento variáveis, como horas extra de trabalho, prémios de desempenho, ou juros. Os valores deverão ser líquidos de impostos, para que representem fielmente a realidade.
Despesas
Nesta coluna deverá listar todas as suas despesas fixas mensais, como a prestação da casa ou renda, condomínio, prestação do carro, despesas com combustíveis ou transportes públicos, contas da água, luz, gás, telecomunicações, subscrições, seguros ou mensalidade do ginásio.
Deverá incluir também despesas variáveis, como alimentação, vestuário ou lazer, e categorizar cada uma como essencial ou prescindível. Não se esqueça de ser meticuloso e registar todas as despesas, mesmo as que lhe pareçam insignificantes.
Saldo
Esta coluna deverá fazer a subtração entre os totais da coluna dos rendimentos e da coluna das despesas. Se o saldo for negativo, é hora de colocar a si próprio algumas questões e começar a aplicar as dicas de poupança que abordaremos mais à frente.
Contudo, poderá avaliar, desde já, para onde vai a maior parte dos seus rendimentos, e se há alguma despesa atual que poderia dispensar, dentro das categorizadas como prescindíveis.
Meta de poupança
Nesta quarta coluna deverá constar o montante que deseja poupar todos os meses. Ter este valor registado ajuda à motivação: isto porque ao longo do mês há mais probabilidade de encontrar motivos aparentemente racionais para destinar o dinheiro para outro fim que não a poupança.
Depois de criada esta tabela, atualize-a todos os meses e faça comparações. Só assim conseguirá extrair conclusões úteis do seu orçamento familiar, e perceber se está no bom caminho ou se precisa de tomar medidas mais assertivas.
Como poupar no orçamento familiar?
Há muito a fazer para tornar a coluna do Saldo mais animadora. Tome nota e verifique se já está a adotar cada uma delas.
17 dicas para poupar no seu orçamento:
- 1. Ponha de parte o valor da poupança assim que recebe o ordenado
- 2. Prepare um fundo de emergência
- 3. Seja fiel ao seu objetivo
- 4. Antes de comprar, confirme se é mesmo necessário
- 5. Verifique as faturas e registe as despesas
- 6. Evite o desperdício de água
- 7. Faça uma utilização responsável da luz
- 8. Climatize a casa de forma inteligente
- 9. Comunique as leituras
- 10. Reduza a potência contratada
- 11. Não deixe passar os prazos de pagamento
- 12. Não acumule dívidas
- 13. Renegocie contratos
- 14. Faça uma utilização criteriosa dos cartões de crédito
- 15. Pondere formas de aumentar os rendimentos
- 16. Ponha o dinheiro a trabalhar para si
- 17. Envolva a família
1. Ponha de parte o valor da poupança assim que recebe o ordenado
Esta é a regra número 1 das finanças pessoas. Assim, sempre que receber o ordenado, coloque de lado a parte referente à poupança pretendida.
Deste modo, esse montante fica protegido contra “tentações” futuras. Se automatizar os processos de poupança de cada vez que recebe o seu salário, estará menos propenso a quebrar a regra.
2. Prepare um fundo de emergência
Não se esqueça de reservar algum dinheiro para usar no caso de surgir um imprevisto. Ainda que lhe pareça pouco provável, o carro pode avariar, a máquina de lavar roupa pode deixar de funcionar, ou o seu animal de estimação pode precisar subitamente de um tratamento veterinário.
É importante que não seja apanhado desprevenido neste tipo de situações e que possa responder sem comprometer o equilíbrio financeiro.
3. Seja fiel ao seu objetivo
Não se afaste das suas metas e objetivos de poupança. Evite a tentação de desculpar despesas que não são necessárias, e comprometa-se com o seu orçamento familiar.
Ainda que lhe pareça desafiante manter as restrições, terá uma agradável sensação de dever cumprido e uma maior motivação para continuar.
4. Antes de comprar, confirme se é mesmo necessário
Ir às compras sem saber bem o que vai comprar, com a ideia de que “logo verá”, acaba por fazer com que compre mais do que o que necessita e gaste mais do que o previsto.
Assim, verifique sempre o que já tem em casa e organize as suas necessidades numa lista. O mesmo é válido para outro tipo de compras, como roupa, livros ou tecnologia.
5. Verifique as faturas e registe as despesas
Depois de pagar na caixa do supermercado, tome alguns segundos para verificar o talão das compras e confirmar se os preços estão corretos. Não é incomum que os produtos em promoção passem com o preço sem desconto.
No final, faça o registo das despesas na folha inicial para ir controlando ao detalhe tudo o que gasta.
6. Evite o desperdício de água
Hábitos simples podem ter um impacto maior do que pode pensar. Só o facto de fechar a torneira enquanto lava os dentes ou faz a barba pode implicar o consumo de 40 litros de água por ano.
Além disso, fechar a torneira enquanto ensaboa o corpo ou aplica shampoo pode reduzir o consumo de água para cerca de 60 litros por ano. Tanto por uma questão de poupança como pelo ambiente, é importante tomar medidas para evitar o desperdício de água.
7. Faça uma utilização responsável da luz
Algumas rotinas diárias estão tão automatizadas que nem nos damos conta do consumo energético evitável que representam. Gestos tão simples como desligar a luz sempre que sai de uma divisão, não manter os equipamentos em standby e equipar a casa com lâmpadas LED somam grandes poupanças no final do mês.
Assim, adote hábitos responsáveis para poupar energia e para aliviar o orçamento familiar.
8. Climatize a casa de forma inteligente
Deixa os aquecedores sempre ligados durante o inverno, e os aparelhos de ar condicionado em funcionamento durante o verão? Tente climatizar a casa de forma natural.
Para poupar energia no verão, feche as persianas e as cortinas durante o dia para impedir a incidência direta do sol, e abra as janelas à noite para refrescar o ambiente. No inverno, garanta que a sua casa está bem isolada para o frio não entrar, e opte por soluções de aquecimento económicas.
9. Comunique as leituras
Muitas casas portuguesas estão já equipadas com contadores inteligentes, o que permite que a comercializadora de água, luz e gás aceda remotamente às leituras. Se ainda não for o seu caso, não deixe de comunicar as leituras.
Desta forma, certifica-se de que paga apenas o que efetivamente consome e não uma estimativa feita pela empresa.
10. Reduza a potência contratada
Há ainda muitos consumidores que contratam uma potência de fornecimento elétrico acima do necessário, o que representa um escalão tarifário maior e, por consequência, uma fatura da luz mais pesada. Assim, verifique na sua fatura qual a potência contratada e, se não costuma usar muitos equipamentos elétricos em simultâneo, contacte a comercializadora para a reduzir.
Por exemplo, o primeiro (e mais barato!) nível de potência contatada, de 3.45 KVA, é a melhor opção se não liga, em simultâneo, mais do que um frigorífico, uma máquina de lavar roupa, um televisor e um computador.
11. Não deixe passar os prazos de pagamento
Com a agitação diária, é fácil deixar passar prazos de pagamento, o que pode trazer encargos adicionais com penalizações, juros de mora ou aborrecimentos burocráticos. Assim, tenha todas as suas contas em dia, mesmo as mais pequenas, e recorra a lembretes para não deixar passar os prazos.
12. Não acumule dívidas
Sempre que possível, pague a pronto. Pode correr o risco de acumular dívidas com a prestação da casa, do carro, viagens ou mobílias. Se a sua taxa de esforço ultrapassar os limites e não tiver grande margem, reformule os seus hábitos de consumo.
13. Renegocie contratos
Se os custos de financiamento são elevados, tente obter condições mais vantajosas com as suas prestações, como a da casa ou do carro, ou renegociar condições com as comercializadoras da água, eletricidade, gás ou telecomunicações.
Os seguros também podem ser revistos. Assim, tome algum tempo para, periodicamente, avaliar a oferta da concorrência e verificar se existe uma alternativa mais favorável para o seu orçamento familiar.
Utilize os nossos simuladores gratuitos para comparar, com toda a comodidade, as condições de cada operador.
14. Faça uma utilização criteriosa dos cartões de crédito
Se tem um cartão de crédito, pondere se é realmente necessário e, em caso afirmativo, faça uma utilização criteriosa do mesmo. Caso contrário, poderá deixar-se levar pela facilidade em fazer compras mais avultadas e incorrer em prestações pesadas.
Quando tiver mesmo de o usar, tire partido de eventuais vantagens associadas, como, por exemplo, os cartões de crédito com descontos ou cartões com modalidade cashback.
Poupar no orçamento familiar não significa apenas adotar hábitos restritivos, mas também aumentar os rendimentos. Rentabilize um talento que tenha ou faça de um hobby um part-time. Atualmente, existem muitas formas de o fazer.
Por exemplo, poderá fazer babysitting ou petsitting, disponibilizar os seus serviços como freelancer ou dar explicações. Se a culinária for o seu forte, porque não cozinhar para fora? Faça também uma revisão à roupa e objetos de decoração que já não utilize e venda-os em plataformas de segunda mão.
Assim, não se limite a uma única fonte de rendimento e tire partido de outras alternativas que possam ajudar a equilibrar o seu orçamento familiar.
16. Ponha o dinheiro a trabalhar para si
Com a taxa de inflação a subir, ter o dinheiro parado no banco sai caro. Depois de ter o seu orçamento familiar organizado, o Fundo de Emergência criado e os seus objetivos financeiros definidos, pondere investir.
Capitalizar recursos é uma forma de obter estabilidade financeira a longo prazo. Por exemplo, os ETFs são um dos produtos de investimento mais considerados pelos consumidores pelo baixo risco que apresentam. Além destes, existem outras aplicações financeiras que poderá analisar para gerar um rendimento extra.
Contudo, como esta é uma área que requer algum domínio sobre o assunto, leia, estude, analise e conheça produtos de investimento, de forma a tomar decisões informadas e com consciência.
17. Envolva a família
Poupar é uma missão que mais fácil se for partilhada por toda a família. Tome algum tempo para explicar a todos o objetivo da poupança, e o que poderão fazer com esse montante adicional.