As reservas de sangue doado são cruciais para o funcionamento dos sistemas de saúde, sendo indispensáveis em cirurgias, transfusões e tratamentos que salvam vidas diariamente. Contudo, um dos maiores desafios é encontrar sangue compatível, especialmente face à diminuição das doações e à curta validade do sangue doado, que é de cerca de um mês.
Liderados pelo Professor Hiromi Sakai, da Universidade Médica de Nara, os investigadores criaram sangue artificial a partir da extração da hemoglobina do sangue doado expirado, encapsulando-a numa “capa” protetora. Este processo não só cria sangue livre de vírus, como permite reutilizar sangue que, de outra forma, seria descartado.
Paralelamente, o Professor Teruyuki Komatsu, da Universidade Chuo, desenvolveu “transportadores artificiais de oxigénio”, que podem estabilizar a pressão sanguínea e tratar hemorragias e AVCs, usando hemoglobina encapsulada em albumina — uma proteína presente no plasma sanguíneo.
O aspeto mais revolucionário deste sangue artificial é a eliminação da necessidade de compatibilidade entre tipos sanguíneos, garantindo que qualquer paciente poderá receber transfusões imediatas, independentemente do seu grupo.
Além disso, o novo sangue tem uma vida útil de cerca de dois anos — muito superior ao limite de um mês do sangue tradicional — o que significa que estará quase sempre disponível e em maior quantidade.
Outra particularidade deste sangue artificial é a sua cor: ao contrário do vermelho vivo do sangue natural, este tem uma tonalidade roxa. Um detalhe curioso que pode, num futuro distante, mudar a forma como pensamos sobre o nosso próprio corpo.
Os cientistas da Universidade de Nara estão atualmente a realizar ensaios clínicos, administrando entre 100 e 400 ml deste sangue artificial a voluntários para testar a sua segurança e eficácia. Caso os testes sejam bem-sucedidos, espera-se que o produto esteja disponível no Japão já a partir de 2030.
Nas redes sociais, as reações são de entusiasmo: “Se for seguro e eficaz, vai salvar inúmeras vidas”, comenta um utilizador no Reddit. Outro acrescenta: “Se for verdade e acessível, isto vai revolucionar completamente a medicina.”