“Fomo-nos apercebendo de que o capital necessário era bastante superior ao que tínhamos no início e fomos à procura. Isso faz com que estejamos a abrir esta ronda a investidores privados porque sentimos ao longo do tempo que havia pessoas e entidades interessadas em participar no projeto”, afirmou o presidente executivo e ‘re-founder’ da Famel, Joel Sousa, em Lisboa.
Segundo os dados avançados pela marca, a ronda de investimento conta com 2,45 milhões de euros do fundo Novus em parceria com o Banco Português de Fomento, a que se vão juntar investimentos privados.
A nova versão da Famel vai incorporar, sobretudo, componentes europeus, metade dos quais feitos em Portugal.
Paralelamente, a marca quer apostar na inclusão de materiais sustentáveis em futuras versões.
O destaque vai para o renascimento do modelo XF-17, adaptando-a à procura de soluções de mobilidade sustentável.
Neste momento, a Famel conta já com cerca de 100 reservas, mas pretende acelerar este número através da ronda de investimento.
A produção deverá começar já no próximo ano em Anadia, perto de Águeda.
“No ano seguinte, o objetivo é ter mais 700 [encomendas]. Em 2029, queremos produzir cerca de 2.000 unidades ao ano”, revelou Joel Sousa.
As primeiras motas deverão ser entregues “na primavera do próximo ano”.
“Quem reservou até hoje tem uma edição de embaixador, com toques refinados. É uma edição numerada. Os embaixadores/investidores vão ter uma versão ainda mais especial. Temos um embaixador que comprou uma para pôr na sala”, revelou.
O principal mercado será o europeu, mas a marca já conta com pedidos das comunidades portuguesas, sobretudo França e Alemanha.
“Há 10 anos tive o sonho de pegar numa marca histórica portuguesa e recuperá-la. A Famel é uma marca conhecida que está no coração dos portugueses. Foi muito dessa história que me fez apaixonar pela marca e querer trazê-la de volta”, contou o presidente executivo.
Apesar de, historicamente, a marca estar muito ligada às vilas, a nova equipa da Famel quer trazê-la para as grandes cidades, adaptando assim os novos modelos.
Os clientes vão também ter a possibilidade de costumizar os veículos, que terão uma componente de inteligência artificial para o desenvolvimento da sua eficiência.
“Tudo isto é tecnologia, sustentabilidade e foi isso nos fez abrir portas a novos investimentos”, acrescentou.
O fundo Novus investe em empresas que estejam numa fase de arranque, crescimento ou expansão, considerando crítico que a marca tenha competência, mercado e capacidade para se expandir fora de portas, razões que levaram ao investimento na Famel, conforme explicou Pedro Ortigão Correia, ‘partner’ na Magnify Capital Partners.
Ao Banco de Fomento, segundo Pedro Ortigão Correia, caberá uma participação de mais de 60% no fundo, que, por sua vez, terá cerca de 10 investimentos, incluindo na Famel.
No capital da empresa portuguesa estarão assim os sócios da marca e o fundo de investimento, “que terá uma percentagem considerável”, apesar de ainda não serem conhecidos os valores finais.
Os investidores privados têm de desembolsar um mínimo de 10.000 euros.
A Famel foi criada em 1949 como fábrica de aros metálicos, tendo começado a produzir no ano seguinte.