Curiosamente, o GLE Coupe tem uma ampla oferta a gasolina, mas apenas um turbodiesel, felizmente de boa cepa, um V6 de 3.0 litros que debita 258 CV e esmagadores 620 Nm de binário. Escapa, por pouco, ao título de mais barato da gama (o GLE 400 4Matic Coupe a gasolina com 333 CV fica abaixo dos cem mil euros) mas defende o orgulho diesel com a classe de um motor suave, silencioso e capaz de mexer as mais de 2,2 toneladas de peso do GLE Coupe com alguma desenvoltura. Isso é provado pelos 7 segundos que precisa, reclama a Mercedes, para chegar dos 0-100 km/h e os 226 km/h de velocidade máxima. Olhando assim, o GLE 350d Coupe 4Matic apresenta-se como um carro muito interessante.
Qual é a diferença para o GLC?
Enorme. Maior, mais musculado, o GLE é diferente, mas não tanto como seria desejável face ao GLC Coupe. Aqui a Mercedes fez o jogo da BMW que depois do sucesso do X6, criou o X4 muito semelhante, tentando alargar o espectro de clientes. O problema é que estamos a falar do estilo “Matrioska”, ou seja, as dimensões reduzem-se, mas é fácil confundir o GLE com o GLC.
Depois temos o interior, menos alegórico que o do GLC e mais na linha conservadora da Mercedes. É verdade que os instrumentos são mais radicais, mas quase todos os comandos são conhecidos e, mais do que isso, o arranjo da consola central denota ausência de trabalho rebuscado no sentido de dar outra imagem do habitáculo. Há ali um pequeno engarrafamento no centro da consola e o sistema Command não é dos mais confusos, mas sem ecrã sensível ao toque, por vezes fica complicado chegar a algumas definições.
Não há criticas a fazer à posição de condução (o banco desce o que quisermos e podemos ficar sentados bem lá em baixo), à ergonomia do interior ou à escolha dos materiais, todos de qualidade.
E por mais de 100 mil euros, vem bem equipado?
Falar de equipamento num Mercedes é sempre complicado, pois a lista de opcionais é muito longa. Começa com os pacotes de estofos em couro (1.300€), pacote estético AMG e vidros escurecidos (600€), as memórias para os bancos e ajuste elétrico (1.100€), de assistência à condução (com uma miríade de sistemas que custa 2.800€) e o pacote AMG Line exterior (jantes de liga leve de 21 polegadas entre outros pormenores, ficam em 3.500€). Só isto já levava o GLE 350d Coupe para lá dos 115 mil euros. O melhor mesmo é consultar aqui o configurador da Mercedes Benz Portugal.
De série são oferecidas as jantes de 20 polegadas, o tablier em pele, estofos em pele preta básica, interiores com acabamento em alumínio, e-Call, Apple CarPlay, Andoid Auto, live traffic information, máximos automáticos e sensores de chuva e luz.
E como é em termos de espaço? Acanhado?
Mais ou menos. Parece sempre que o tamanho dos carros para marcas como a Mercedes ou a BMW não rimam com habitabilidade. Mesmo assim, enquanto na frente não há nenhum problema, atrás o terceiro elemento vai um nadinha espremido e os outros, se forem muito altos, vão passar o tempo a namorar com o forro do tejadilho. A bagageira é enorme, com 650 litros que podem chegar aos 1720 litros, e há vários espaços para arrumação. Pena que devido ao formato da carroçaria e do portão traseiro, a altura de acesso seja um exagero.
Deve ser refinado ou nem por isso?
Já foi aqui referido que o motor V6 turbodiesel que equipa o GLE 350d Coupé é refinado e silencioso. Ora, não fossem as jantes de generosas dimensões com pneus largos, provocando algum barulho de rolamento, a vida a bordo do GLE seria um silêncio absoluto. É um carro muito refinado e onde nos sentimos imediatamente a vontade.
O motor tem uma resposta calma, mas se carregar a fundo no acelerador logo no arranque, não há qualquer hesitação da parte do motor e a caixa automática com 9 velocidades, responde à altura. Devo mesmo dizer que a caixa é rápida e bem escalonada. Pode optar pelo modo manual, mas acredite que se deixar o computador tratar de tudo desfrutará de uma condução bem mais agradável.
E como se comporta em estrada?
Seguro e composto! Há modos de condução para explorar e que modificam as afinações da suspensão pneumática, da direção e da resposta do acelerador. O modo mais radical não faz muito sentido num carro destes que, mesmo em modo Comfort, anda suficientemente depressa. Neste modo, a direção tem o peso e a reação suficientes e a suspensão controla bem os movimentos da carroçaria. Não todos, pois o carro é pesado e alto, pelo que o centro de gravidade está mais acima do que num comum automóvel. Nenhuma novidade por aqui, mas louve-se o trabalho feito para que o GLE Coupe não ficasse demasiado burguês.
O sistema de tração integral permanente 4Matic oferece elevados níveis de aderência e levado para uma estrada mais sinuosa não se nega. Há elevada dose de aderência lateral, mas cedo a traseira começa a querer ganhar vantagem sobre a frente, algo que, confesso, me surpreendeu. Claro está que o ESP não dá velocidades, mas ainda assim há ali um pouquinho de divertimento. O que não deixa de ser saudável num carro com quase cinco metros de comprimento e 1,70 metros de altura e que pesa 2250 quilogramas. O conforto não é fantástico, não só devido às jantes de generosas dimensões, mas também pela necessidade de endurecer as unidades pneumáticas e, assim, controlar melhor os movimentos da carroçaria. Ainda assim está longe de ser um SUV desconfortável.
Veredicto
O GLE 350d Coupe 4Matic é um puro SUV, pois controla bem o desempenho do chassis, tem um motor muito agradável e fácil de utilizar, o equipamento de série é completo e o comportamento em curva muito melhor do que esperava. É verdade que se bate com modelos como o BMW X6, o Range Rover Sport e o Porsche Cayenne. Se bater o BMW é tarefa complicada, já os outros dois é tarefa impossível para este GLE Coupe, pois ambos são mais práticos e mais competentes em estrada. Por isso o rival é direto é mesmo o BMW X6 que custa mais seis mil euros que este GLE 350d Coupe 4 Matic. No final do dia, a escolha será apenas uma questão de gosto…