Embora ainda não se consiga atuar diretamente no controlo do Alzheimer, os especialistas entendem que é uma necessidade premente encontrar marcadores do Alzheimer, antes que se inicie o declínio cognitivo.
O professor de neurologia e líder do estudo, Brendan Lucey, avança que a baixa qualidade do sono é uma característica, que pode diagnosticar, precocemente, o Alzheimer. Como tal, o foco da investigação foi a relação, nos pacientes, entre acordar cansado e o piorar dos sintomas que, por seu turno ainda dificultam mais o descanso. Esta associação com a doença ainda é motivo de estudos e «acredita-se que a relação seja de duas vias».
Assim, numa primeira instância, «os distúrbios no sono podem aumentar o risco de se desenvolver o Alzheimer», enquanto, numa segunda hipótese, «mudanças nas rotinas de sono podem acontecer devido à patologia», esclarece o diretor do Centro de Medicina do Sono da universidade norte-americana.
De acordo com Brendan Lucey, o estudo, também, revelou que idosos com menor registo de ondas lentas, – sublinham um sono profundo necessário para a consolidação das memórias e acordar bem-disposto -, têm níveis maiores da proteína tau no cérebro. O excesso dessa substância «destrói neurónios e emaranha tecidos danificados entre importantes regiões cerebrais», ou seja, atinge um nível tóxico, que é um sinal de alarme para o aparecimento da doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência.
A médica e também autora do estudo, Gretchen P. Jones, diz que foi possível observar «essa relação em pessoas que eram normais do ponto de vista cognitivo ou com alterações muito suaves», o que pode revelar a importância da atividade de ondas lentas reduzida «enquanto marcador da transição entre a cognição normal e a alterada», informa. Além de a medição «da atividade do sono de forma não invasiva poder ser uma nova forma de rastrear a doença», antes ou logo depois, «de as pessoas desenvolverem problemas de memória e pensamento», acrescenta a diretora do Departamento de Neurologia da Universidade de Washington.
Para Brendan Lucey, se as pesquisas futuras confirmarem as descobertas, «a monitorização do sono pode ser uma maneira fácil e acessível de rastrear, precocemente, a doença de Alzheimer». No entanto, defende que esta pode, apenas, «complementar os outros testes identificadores da doença», conclui o cientista.