Ouvir aquela música especial da adolescência ou o tema do primeiro amor pode fazer mais do que apenas emocionar — pode despertar memórias adormecidas, mesmo em pessoas com Alzheimer. Uma nova investigação conduzida pelo Brain and Creativity Institute da Universidade do Sul da Califórnia (USC) mostra que canções ligadas a momentos marcantes da vida podem reactivar áreas do cérebro associadas à memória e ao prazer.
O estudo, publicado na revista científica Human Brain Mapping, vem reforçar o papel da música como uma ferramenta terapêutica e não invasiva no tratamento de doenças neurodegenerativas.
Utilizando ressonância magnética funcional, os investigadores observaram que canções com significado emocional activam duas zonas-chave do cérebro:
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A rede de modo padrão, ligada à recordação e reflexão pessoal
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Os circuitos de recompensa, os mesmos que se ativam com sensações prazerosas
Segundo os autores do estudo, isto não só reaviva memórias, como contribui para o bem-estar emocional e cognitivo.
“A música toca a nossa identidade. Está associada a experiências pessoais únicas — é por isso que pode ser tão poderosa”, explicam os cientistas.
Com base nestas descobertas, os especialistas sugerem que a criação de playlists personalizadas, com músicas da juventude e de momentos felizes, pode ser uma forma promissora de melhorar a qualidade de vida de quem sofre de Alzheimer ou outras formas de demência.
Mesmo que sejam necessários mais estudos para validar a aplicação clínica alargada, esta abordagem já é usada por alguns profissionais de saúde e cuidadores como apoio à estimulação cognitiva.
Fonte: Human Brain Mapping. DOI: 10.1002/hbm.70181.