De acordo com os dados da DECO PROteste, há um ano, esta cesta de bens alimentares essenciais custava menos 11,54 euros (menos 5,10 por cento). Já há dois anos, era possível comprar exatamente os mesmos ,alimentos por menos 36,28 euros (menos 17,99 por cento).
Na última semana, os produtos cujo preço mais aumentou foram o esparguete, o bacalhau graúdo e a curgete. No esparguete, a subida foi de 13% (15 cêntimos). Uma embalagem de 500 gramas deste tipo de massa custa agora, em média, 1,27 euros. Já o bacalhau graúdo registou uma subida de preço de 10% (1,25 euros por quilo) e passou a custar 14,16 euros por quilo. A curgete, por sua vez, teve uma subida de 10% (18 cêntimos) e custa agora 2 euros por quilo.
COMO É CALCULADO O PREÇO DO CABAZ?
Desde janeiro de 2022 que a DECO PROteste acompanha a evolução dos preços dos bens alimentares essenciais, analisando, todas as quartas-feiras, o preço total de um cabaz, com base nos preços recolhidos no dia anterior nos principais supermercados com loja online.
Começa-se por calcular o preço médio por produto em todas as lojas online do simulador, em que se encontra disponível. Depois, somando o preço médio de todos os produtos, obtém-se o custo do cabaz para um determinado dia.
QUAIS OS PRODUTOS QUE MAIS AUMENTARAM?
No último ano, entre 12 de abril de 2023 e 10 de abril de 2024, os produtos cujo preço mais aumentou percentualmente foram:
- o azeite virgem extra, que há um ano custava 7,03 euros e agora custa 11,50 euros. Trata-se de uma subida de 4,46 euros (mais 63 por cento);
- a pescada fresca, que aumentou 2,80 euros por quilo (mais 37%), de 7,60 euros por quilo para 10,40 euros por quilo;
- e o atum posta em azeite, que subiu 56 cêntimos (mais 31%), passando de 1,79 euros para 2,35 euros.
Já na última semana, entre 3 e 10 de abril, além do esparguete, do bacalhau e da curgete, as maiores subidas de preço registaram-se em produtos como:
- a maçã gala, que aumentou 21 cêntimos quilo (mais 9%), de 2,34 euros por quilo para 2,56 euros por quilo;
- e o salmão, que aumentou 1,33 euros por quilo (mais 8%), para 17,06 euros por quilo.
PORQUE AUMENTARAM OS PREÇOS DOS ALIMENTOS?
A invasão da Rússia à Ucrânia, de onde eram provenientes grande parte dos cereais consumidos na União Europeia (e em Portugal) veio pressionar o setor agroalimentar, que estava há já vários meses a braços com as consequências da pandemia e da seca. A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente dos fertilizantes e da energia, necessários à produção agroalimentar, refletiu-se, por isso, num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor de produtos como a carne, os hortofrutícolas, os cereais de pequeno-almoço ou o óleo vegetal em 2022.
Taxa de inflação acelera em março
Os consecutivos aumentos dos preços ao consumidor, nomeadamente em produtos como a alimentação, contribuíram para o aumento da taxa de inflação para níveis históricos em 2022. No entanto, nos primeiros meses de 2023, a taxa de inflação do País começou a abrandar. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em dezembro de 2023, a taxa de inflação caiu para 1,4 por cento. Já no arranque de 2024, voltou a aumentar, para 2,3% em janeiro, e, depois de uma descida para os 2,1% em fevereiro, voltou a fixar-se em 2,3% em março.
CABAZ AUMENTOU 2,84 EUROS DESDE O FIM DO IVA ZERO
Para conter a subida dos preços na alimentação, a 27 de março de 2023, o Governo assinou um acordo com o retalho alimentar e o setor da produção agroalimentar que se traduziu na isenção de IVA num cabaz com mais de 40 alimentos entre 18 abril e 4 de janeiro de 2024. A lista de produtos com IVA zero foi definida com base nas recomendações da Direção-Geral da Saúde e incluía os alimentos mais consumidos pelas famílias em Portugal.
De acordo com a DECO PROteste, desde o último dia de isenção de IVA num cabaz alimentar com 41 alimentos, a 4 de janeiro, a cesta de bens essenciais aumentou 2,84 euros (mais 2%), de 141,97 euros para 144,82 euros, a 10 de abril.
As contas da organização de defesa do consumidor revelam que o atum posta em azeite, a perna de peru e a maçã gala foram os produtos que registaram as maiores subidas desde que o IVA zero chegou ao fim, com aumentos de 28%, 14% e 13%, respetivamente.