Uma mensagem dentro de uma garrafa lançada ao Mar do Norte em 1978 foi encontrada numa ilha da Suécia em fevereiro de 2025, quase meio século depois. O mistério desta carta, que continha um endereço na Escócia, foi agora desvendado pela BBC News Escócia, trazendo ao conhecimento de todos uma história fascinante que liga o passado ao presente.
Ellinor Rosen Eriksson, de 32 anos, e a sua amiga Asa Nilsson, de 55 anos, encontraram a garrafa numa ilha chamada Torso, no arquipélago de Väder, na costa oeste da Suécia. Durante uma caminhada, Asa reparou numa garrafa de vidro enterrada parcialmente no solo, com um papel húmido e quase ilegível no seu interior.
Depois de secar o papel ao sol, conseguiram decifrar algumas palavras e números — entre eles, o nome Addison Runcie, a data 14.9.78 e um endereço em Seatown, Cullen, Banffshire, Escócia.
“Ficámos completamente maravilhadas por encontrar uma verdadeira mensagem numa garrafa”, conta Ellinor. Motivadas pela curiosidade, publicaram a descoberta nas redes sociais à procura de mais informações.
Com a ajuda da BBC News Escócia, a mensagem foi ligada a James Addison Runcie, um pescador que viveu naquela mesma casa em Cullen, no norte da Escócia. James, que faleceu em 1995, era conhecido localmente como “Peem” e dedicou a vida ao mar, uma paixão herdada por toda a família.
Foi também possível identificar o autor da carta: Gavin Geddes, antigo companheiro de tripulação do barco pesqueiro Loraley, que partiu do porto de Peterhead. Hoje com 69 anos, Gavin reconheceu a sua letra e revelou que, juntamente com outros tripulantes, lançou várias garrafas ao mar, sendo esta a única encontrada em quase 50 anos.
“Jogámos uma garrafa em homenagem ao James. Agora, pelo menos, temos uma resposta,” disse Gavin emocionado.
No dia em que a BBC visitou Cullen, a irmã de James, Sandra Taylor, estava na cidade. Para ela, a descoberta da mensagem foi “absolutamente incrível”. “Pensar que a garrafa ficou a vaguear no mar durante mais de 40 anos para acabar numa praia na Suécia é inacreditável.”
Sandra relembra a ligação profunda que a família tinha com a pesca e o mar. Sobre a reação que o irmão teria ao saber da notícia, não hesitou: “Ele teria caído na risada, oferecido um copo e dito ‘saúde’.”
Para Ellinor e Asa, a experiência foi única. “Encontrar uma carta dentro de uma garrafa, num dia frio de fevereiro, perto de uma ilha remota, com a minha melhor amiga, é realmente mágico,” diz Ellinor.
Ela conta que, se tivesse sabido o final da história, teria tratado de preservar também a garrafa, que para ela representa um verdadeiro tesouro. “Venho de uma família de pescadores e sou apaixonada pelo mar. No nosso país chamamos a isso vraga — sair à procura do que está perdido ou escondido, para descobrir histórias. Foi exatamente isso que fizemos.”
Ellinor e Asa gostariam de visitar Cullen para conhecer a comunidade que foi palco desta história, a praia e, claro, partilhar esta aventura que atravessou décadas e mares.