Um jovem britânico de 14 anos está a surpreender a comunidade médica internacional devido a uma condição extremamente rara: Finley Ranson sofre de uma desordem ainda sem nome que impede o seu corpo de tolerar qualquer tipo de alimento.
A ingestão de comida, mesmo em pequenas quantidades, provoca-lhe hemorragias internas graves, como se o organismo reagisse ao alimento como a um vírus invasor.
A condição, descrita como inédita pelos especialistas, faz com que Finley dependa de infusões de nutrientes administradas diretamente no coração, três vezes por dia. O processo é realizado através de uma sonda inserida no peito, que conduz os nutrientes — incluindo hidratos de carbono, proteínas, vitaminas e minerais — diretamente à veia central, contornando completamente o sistema digestivo.
Desde o nascimento que os médicos acompanham o caso de Finley no Hospital Broomfield, em Chelmsford, Essex. De acordo com os registos clínicos, a reação adversa ocorria desde os primeiros momentos de vida, mesmo durante a amamentação. O corpo rejeitava qualquer substância alimentar como se se tratasse de uma infeção.
A condição é tão rara que não existe ainda qualquer nomenclatura clínica reconhecida, nem foi identificado outro caso semelhante a nível mundial. Médicos como o imunologista Stephen Tilles, dos EUA, explicam que esta situação não pode ser classificada como uma alergia alimentar convencional, dado que a reação parece estar ligada a lípidos presentes nos alimentos, e não a proteínas ou outros componentes habitualmente associados a alergias.
A ausência de diagnóstico e tratamento específico obriga Finley e a sua família a uma rotina altamente controlada. Actualmente, as infusões são administradas em ambiente hospitalar várias vezes por semana, embora exista esperança de que, no futuro, o processo possa ser realizado em casa, com supervisão médica à distância.
Apesar das limitações severas — Finley não pode comer ou beber absolutamente nada além de água —, o jovem continua a desenvolver-se dentro dos parâmetros de saúde possíveis, graças à nutrição parenteral especializada. Os médicos admitem que o caso desafia o conhecimento actual da medicina e continua a ser objeto de estudo.
Para a família, a prioridade é garantir qualidade de vida ao jovem, mesmo que isso signifique viver fora do comum.
Enquanto o caso de Finley Ranson continua a intrigar especialistas, levanta também questões sobre os limites da medicina e a necessidade de inovação no tratamento de doenças raras.