O que significa afinal vivermos mais tempo?

Em parceria com a Culturgest, a Fidelidade promove um ciclo de conferências sobre o tema da Longevidade, procurando entender as implicações sociais e económicas que resultam do processo de envelhecimento.

Estamos a viver mais tempo, mas com que qualidade? Com que condições?

Estas são as questões que estão na origem do ciclo de conversas “Longevidade: Precisão, Implicações Sociais e Regeneração”, que procura convidar alguns especialistas a debater a forma como o aumento da longevidade está a transformar as nossas sociedades.

Este ciclo de conferências que se iniciou a 20 de Maio, percorre as biociências, as bioengenharias, a demografia e a economia para dar a conhecer as mais recentes evoluções da medicina e tendências da investigação sobre a longevidade, bem como as interrogações e escolhas sociais e pessoais que se colocam perante a ideia de uma vida humana mais longa. Este ciclo é realizado em parceria científica com o Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa e a Nova SBE.

No dia de ontem (3 de Junho) decorreu a segunda sessão – já disponível online – que se focou no tema das implicações sociais e económicas que resultam de uma sociedade que vive coletivamente mais anos.

Qual o impacto na empregabilidade? De que forma estão os sistemas de saúde e segurança social preparados para esta nova realidade?

Estes foram alguns dos temas discutido por um painel de especialistas composto por Ana João Sepúlveda (consultora nas áreas da Economia da Longevidade e do Envelhecimento Sustentado e Presidente da Associação Age Friendly Portugal), Maria João Valente Rosa (professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa) e Judite Gonçalves (professora na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa de Economia da Saúde e Estatística).

 

Economia da Longevidade

Da mesma forma que as alterações climáticas alteram a nossa realidade, a das empresas e das sociedades, neste século XX também o envelhecimento das populações está a ter um impacto com enormes repercussões nas pessoas, famílias, negócios, cidades e relações de poder entre as nações.

Este é o alerta deixado por Ana Sepúlveda na sua intervenção. A verdade é que a manutenção de uma capacidade produtiva e aquisitiva por parte das pessoas mais velhas gera uma nova área e componente económica que cada vez ganha mais força: a Economia “Grisalha” ou da Longevidade.

É assim urgente que as empresas entendam a força desta demografia.

Os mais velhos são colaboradores valiosos que devem ser respeitados e que geram grandes oportunidades de crescimento económico para os países da União Europeia.

Estimativas da Associação Americana de Pessoas Reformadas (AARP) referem que, em 2018, a economia da longevidade representou um crescimento económico na ordem dos 7,6 triliões de dólares norte-americanos e que, em 2050, deverá representar um total de 27,5 triliões de dólares, equivalendo a um total de 60% do consumo.

“Por esta razão, a longevidade é cada vez mais um bem pessoal, económico e social no qual todos devemos investir”, conclui a Presidente da Associação Age Friendly Portugal.

 

A importância de uma vida socialmente comprometida

No segundo momento do ciclo de ontem, Asghar Zaidi (investigador sénior no Instituto de Envelhecimento Populacional de Oxford e professor de Gerontologia na Universidade Nacional de Seoul e na Escola de Economia e Ciência Política de Londres) apresentou algumas conclusões relativamente à forma como o envelhecimento é percecionado pelas sociedades.

A apresentação de casos de sucesso e de programas de sucesso nesta área, permitem entender a importância dos determinantes sociais, comportamentais e ambientais para uma avaliação de um “bom” envelhecimento.

Um dos aspetos ressalvados pelo investigador foi a forma como uma vida socialmente comprometida está associada uma longevidade mais saudável e feliz. A manutenção de um nível alto de atividade profissional e social é fundamental para quebrar um deterioramento que se verifica com frequência quando as pessoas atingem a idade da reforma.

Seja através da manutenção de uma vida profissional ativa ou através de um papel reforçado na vida família (p.e cuidar dos netos) é essencial que as pessoas mais idosas encontrem formas de se manterem socialmente comprometidas.

“Sabemos que as pessoas mais envolvidas, e mais interativas do ponto de vista social, são capazes de viver uma vida melhor, mais saudável e mais gratificante”, concluiu Asghar Zaidi.

 

As conferências do ciclo “Longevidade: Precisão, Implicações Sociais e Regeneração” decorrem em português, com tradução simultânea em inglês, e são transmitidas em live streaming no Facebook, Youtube da Culturgest e Facebook da Fidelidade.

A próxima e última conferência do ciclo irá acontecer no dia 23 de Junho.

 

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