Para além da crise sanitária e de saúde pública, a pandemia provocada pela Covid-19 tem provocado uma igualmente intensa crise familiar e emocional. Alguns dos principais problemas das famílias foram exacerbados por este fenômeno epidemiológico.
Em particular, o desemprego, a instabilidade financeira e o isolamento social têm sido capazes de prejudicar o bem-estar e a motivação dos jovens adultos, que neste momento olham para o seu presente e futuro com níveis baixos de confiança.
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Muitos destes jovens vivem ainda em casa dos seus pais – muito por culpa das dificuldades financeiras – e como tal, estes sofrem também com as frustrações dos seus filhos. Esta situação pode criar uma enorme tensão na relação parental, assim como uma falta de compreensão mutua.
A falta de independência dos filhos transtorna os pais. A pressão de terem que continuar a apoiar financeiramente, o facto de muitas vezes serem apontados como culpados pelo fracasso dos filhos e os comportamentos infantis que se perpetuam, etc. Tudo isto contribui para o desgosto dos pais.
De forma a ajudar os filhos a ultrapassar estes momentos mais difíceis existem algumas coisas que os pais devem fazer e outras que devem evitar a todo o custo.
O que não deve fazer:
- Injetar mais culpa. Os pais que usam sentimentos de culpa para controlar os seus filhos acabam por arriscar aliená-los por completo, agravando os problemas.
- Fazer comentários sarcásticos. Este tipo de frase e expressões mais negativas podem magoar os filhos e enfraquecer a comunicação parental.
- Fazer ameaças. Raramente são eficazes. O mais provável é que apenas consiga fazer com que os seus filhos adultos se sintam mais frágeis e irritados. Este tipo de ressentimentos pode aumentar os conflitos.
- Negar os seus sentimentos. Quando os seus filhos lhe explicam como se sentem é fundamental que não desvalorize esses sentimentos. Mesmo que não concorde com a forma como eles se estão a sentir, não deve nunca desvalorizar as emoções deles.
O que deve fazer:
1. Assinale os aspetos positivos. Procure gerar sempre que possível uma “bolha de motivação”. Isto poderá ser concretizado se demonstrar a capacidade se concentrar nos aspetos mais positivos do comportamento do seu filho adulto. Destaque sempre os momentos em que ele revela intuição, persistência e motivação.
Sendo certo que não deve ignorar os aspetos mais negativos do seu comportamento, a verdade é que a nossa atenção é seletiva pelo que quanto mais se focar no positivo, mais facilmente conseguirá ver as melhorias.
Este apoio será fundamental para continuar a inspirar o seu filho a não desistir. Garantindo que ele percebe que você está disponível para o ouvir e para o “aplaudir” sobretudo quando as coisas correm bem.
2. Mantenha-se calmo, assertivo e não-controlador. Este tipo de postura irá garantir que consegue manter as suas conversas construtivas, evitando ameaças, conflitos e lutas de poder. Acima de tudo um pai ou uma mãe deve procurar funcionar como uma espécie de “coach” emocional. Não deixe de acompanhar o seu filho e de perceber o que este tem feito, mas não exerça uma pressão ou um controlo avassalador.
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