Dia 13 de junho assinala-se o Dia Mundial do Ritmo Cardíaco.
O coração pode, por vezes, apresentar alterações na sua atividade elétrica, originando o que chamamos de arritmia. A mais comum e clinicamente relevante é a fibrilhação auricular (FA).
Nesta condição, o coração bate de forma irregular e descoordenada, especialmente nas aurículas (as cavidades superiores do coração), que deixam de contrair de forma eficaz. Isso favorece a formação de coágulos no interior do coração, que podem ser libertados para a circulação e causar a obstrução de uma artéria. A consequência mais grave é o acidente vascular cerebral (AVC) isquémico, causado pela interrupção do fluxo sanguíneo a uma parte do cérebro.
A FA é uma doença frequente: afeta cerca de 2,5% da população portuguesa com mais de 40 anos e mais de 6% acima dos 60 anos. Esta arritmia aumenta em cinco vezes o risco de AVC isquémico e é responsável por cerca de um terço dos AVCs em Portugal. Além disso, os AVCs associados à FA são habitualmente mais graves, com maior risco de incapacidade permanente ou morte.
A FA também está associada a outras complicações graves, como a insuficiência cardíaca e a demência.
Entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de FA encontram-se: envelhecimento, hipertensão arterial, diabetes, obesidade, apneia do sono, doenças cardíacas, tabagismo e consumo excessivo de álcool, entre outros.
Em muitos casos, a FA é assintomática. Quando se manifesta, pode provocar palpitações (sensação de batimento acelerado ou irregular), tonturas, cansaço ou até desmaios. O diagnóstico requer a realização de um electrocardiograma (ECG) ou Holter-ECG (registo contínuo durante 24 horas).
Após o diagnóstico, na maioria dos casos é recomendada a toma de anticoagulantes para reduzir o risco de AVC. Existem também medicamentos e procedimentos minimamente invasivos que ajudam a controlar os sintomas e a prevenir complicações.
A adoção de um estilo de vida saudável e o controlo dos fatores de risco vascular são fundamentais para prevenir o aparecimento da FA. Em caso de sintomas, procure avaliação médica. Se lhe for prescrito um anticoagulante, não interrompa a terapêutica sem indicação médica.