Quando se trata de dor, os estereótipos relacionados com o sexo e o género tendem a entrar em jogo. Mas será que o limiar de um homem é realmente mais elevado do que o de uma mulher? As mulheres são de facto mais sensíveis do que os homens?, começa por questionar a Euronews.
Estas são algumas das questões a que a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) espera responder até ao final de 2024 com novas investigações.
O objetivo é abordar, compreender e sensibilizar para as disparidades entre sexo e género em relação à dor, que define como uma “experiência sensorial e emocional desagradável”.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o sexo refere-se às “diferentes características biológicas e fisiológicas dos homens e das mulheres, tais como os órgãos reprodutores, os cromossomas, as hormonas, etc.”.
O género, por outro lado, refere-se às características de mulheres, homens, raparigas e rapazes que são socialmente construídas. Isto inclui normas, comportamentos e papéis, bem como as relações entre si, refere a Euronews
«No que diz respeito ao sexo, vários investigadores realizaram no passado experiências laboratoriais onde, através de estímulos de pressão ou temperatura, provocaram dor em participantes voluntários», refere a publicação, «os seus resultados indicam que as mulheres podem ser mais sensíveis à dor do que os homens, o que significa que têm um limiar mais baixo. No entanto, também se verificou que a experiência da dor tem um impacto maior nos homens do que nas mulheres».
Isto levanta a questão: onde é que residem as diferenças? É o nosso cérebro ou o que fazemos para regular a dor que faz a distinção? As hormonas estão envolvidas? «A ciência não tem uma resposta clara para estas questões, embora alguns estudos encontrem disparidades na resposta hormonal ou cerebral aos estímulos dolorosos».
Cerca de metade das condições de dor crónica são mais comuns nas mulheres, sendo que apenas 20% têm uma maior prevalência nos homens.
As hormonas podem influenciar a dor de várias formas, alterando a sensibilidade à dor, alterando os processos biológicos associados à dor (por exemplo, a inflamação), conduzindo a patologias dependentes de hormonas (por exemplo, a endometriose) ou influenciando o humor para alterar a experiência da dor, explica a Euronews.
A investigação clínica sobre a dor sugere que o género também pode afetar a forma como um indivíduo contextualiza e lida com a dor.
Tradicionalmente, a masculinidade é estereotipicamente associada à bravura e à dureza, enquanto a feminilidade está ligada à sensibilidade. Alguns estudos sugerem que, independentemente do sexo atribuído à nascença, as pessoas que se consideram mais masculinas têm um limiar e uma tolerância à dor mais elevados.