Ao todo, a Casa do Médico, no Porto, recebe quase três dezenas de oradores de todo o mundo, arrancando na quarta-feira com uma palestra de Todd Lubart, professor de Psicologia na Universidade de Paris.
Esta sessão, presidida por Axel Cleeremans, lança o mote dos trabalhos do simpósio, debruçando-se sobre as investigações em curso sobre o epicentro da criatividade poder não ser o cérebro, ou exclusivamente o cérebro, mas antes “um fenómeno contextualizado que vai para lá de um indivíduo e o cérebro”, podendo “nem sequer requerer a mente de todo”.
“Avanços recentes em inteligência artificial serão discutidos nesta breve introdução à criatividade”, pode ler-se no resumo desta comunicação.
A discussão entre psicólogos, filósofos, artistas e neurocientistas explora, ao longo do programa, o papel da IA mas também a influência de drogas psicadélicas, experiências de quase-morte ou a improvisação musical, os limites da mente e o papel do movimento.
No que diz respeito à inteligência artificial, o simpósio contará com várias comunicações a ela dedicadas, com destaque para Marcus du Sautoy, professor de Matemática na Universidade de Oxford.
Prolífico como autor de livros, teatro e séries de TV, na área da divulgação científica, Du Sautoy questiona se a inteligência artificial “pode criar arte, e como será a resposta humana a essa criação”, no sábado de manhã.
Na sexta-feira, uma série de oficinas aproximam os participantes de algumas das ideias em reflexão, com destaque para uma sessão com o músico português Pedro Abrunhosa, em partilha do processo criativo, e uma outra liderada por Penousal Machado, da Universidade de Coimbra, que explora a IA como suporte da criatividade.
Vindos de Cambridge, Nicola Clayton e Mark Baldwin integram a primeira sessão, sobre as bases da criatividade, olhando para o movimento, e a dança em particular, como fenómeno e estímulo.
Christine Simmonds-Moore e Amory Danek debruçam-se, na mesma sessão, sobre mecanismos cognitivos e bases neuronais da criatividade, com Anna Abraham a fechar a manhã de quinta-feira com uma palestra em torno do futuro livro, que pretende desmistificar alguns dos mitos sobre criatividade.
Também “os limites da criatividade” estarão em cima da mesa, no sábado, com o brasileiro Sergio Neuenschwander focado “no cinema como forma de arte disruptiva que possibilita a invenção da realidade”, segundo a apresentação.
Proveniente de Baltimore, Frederick Barrett explora, por seu lado, o papel das drogas psicadélicas em conjunto com a improvisação musical, enquanto os fenómenos paranormais e situações extremas, e a saída pela criatividade, serão o foco da comunicação de Edward Kelly, professor na Universidade da Virgínia.
Durante a sessão de sexta-feira, as posições de Marilyn Schlitz, professora de psicologia transpessoal na Universidade de Sofia, serão apresentadas, sobretudo quanto à ligação entre a criatividade e a parapsicologia.
“Esta palestra explora a rica história de investigação psíquica, oferecendo contexto para pesquisa contemporânea que tenha estudado a imaginação criativa e ‘psi’ em condições laboratoriais”, pode ler-se no ‘abstract’.
Nesta manhã, também “o cérebro improvisador” de Morten Kringelbach, professor em Oxford, e o cientista criativo, como questiona Lucia Melloni, serão abordados.
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Lusa/fim