Estas cápsulas, que contêm um núcleo líquido dentro de uma capa flexível, oferecem comodidade e eficácia. Contudo, recentemente têm sido alvo de preocupação por um motivo inesperado: os plastificantes.
Para tornar a capa das cápsulas maleável e resistente, os fabricantes utilizam frequentemente plastificantes chamados ftalatos. Embora estes conferem flexibilidade, também estão associados a várias questões de saúde.
Os ftalatos são conhecidos como perturbadores endócrinos, ou seja, substâncias que interferem no sistema hormonal. Estudos, especialmente em animais, indicam que podem afetar o desenvolvimento reprodutivo, a fertilidade e o equilíbrio hormonal.
Em humanos, algumas investigações sugerem ligações a malformações congénitas, alergias infantis e até doenças cardíacas. Contudo, os cientistas ainda tentam compreender plenamente os riscos e qual o nível de exposição considerado seguro.
Um desafio na avaliação da segurança dos ftalatos é a diversidade destes compostos. Existem vários tipos, com diferentes propriedades e níveis de risco. Nem todos são usados em cápsulas softgel, e muitas das maiores exposições vêm de outras fontes do dia a dia, como pavimentos em vinil, cortinas de duche, perfumes e ambientadores.
Embora os ftalatos nas cápsulas softgel possam não ser a maior fonte da nossa exposição total, vale a pena estar atento – especialmente para quem consome vários suplementos diariamente.
Alguns ftalatos são aprovados para uso farmacêutico, como o ftalato de dietilo (DEP), o ftalato de acetato de celulose, o ftalato de acetato de polivinilo e o ftalato de hipromelose.
O DEP, o plastificante mais comum nas softgels, é considerado de baixa toxicidade e usado em pequenas quantidades. Os outros ajudam os medicamentos a resistir ao ácido do estômago e são geralmente considerados seguros quando usados corretamente.
Contudo, certos ftalatos, como o ftalato de dibutil (DBP), levantam maiores preocupações. O DBP está ligado a problemas reprodutivos e de desenvolvimento, pelo que o seu uso em medicamentos está agora muito restringido.
Outros ftalatos, como o di-(2-etilhexil) ftalato e o diisodecil ftalato, são mais usados em dispositivos médicos, como bolsas de perfusão intravenosa, e também estão rigorosamente regulados.
Estudos indicam que a exposição prolongada a estes químicos pode aumentar o risco de resistência à insulina, inflamação e doenças cardiovasculares – sobretudo em crianças e grávidas.
Autoridades de saúde como a Agência Europeia do Medicamento e a FDA nos EUA estabeleceram limites claros para o uso de ftalatos em medicamentos, incluindo doses diárias máximas e monitorização constante da segurança.
Mas fora dos medicamentos prescritos, a situação é menos clara.
Muitos suplementos são vendidos sem receita e consumidos sem supervisão médica, o que pode levar a uma exposição inadvertida a níveis de ftalatos acima do recomendado, especialmente quando combinada com outras fontes ambientais.
Se estiver preocupado, consulte os rótulos dos produtos, peça aconselhamento ao seu farmacêutico ou opte por alternativas sem ftalatos.
À medida que a ciência avança, será fundamental que reguladores e fabricantes continuem a rever o uso destes químicos para garantir a segurança dos consumidores.