“Na próxima semana tenho o Campeonato Nacional de equipas, no qual vou representar o Benfica e, depois, a partir daí, vou ver qual vai ser o meu futuro”, começou por declarar a medalhada de bronze nos Jogos Olímpicos Rio2016.
A judoca falava aos jornalistas na sede do Comité Olímpico de Portugal (COP), onde hoje decorreu a segunda jornada do Fórum Nacional de Atletas, organizado pela Comissão de Atletas Olímpicos (CAO).
Depois de não ter conseguido apurar-se para os seus sextos Jogos Olímpicos – seria a primeira mulher portuguesa e a primeira judoca a nível mundial a consegui-lo -, a quatro vezes vice-campeã mundial e seis vezes campeã europeia admitiu hoje que o seu percurso olímpico terminou.
“[Já tinha decidido que] os Jogos Olímpicos de Paris seriam os meus últimos Jogos, seria o meu último ciclo olímpico, portanto, isso é uma decisão que já está tomada”, afirmou.
Apesar de ter falhado o apuramento para Paris2024, Telma Monteiro esteve na capital francesa a convite do COP, algo que, nas suas palavras, a ajudou a “fechar um ciclo emocional”, transversal à recuperação da sua lesão – em novembro passado foi operada ao ligamento cruzado anterior, ao lateral interno e menisco -, de “uma forma muito positiva”.
“Sinceramente, eu fui com algum receio de ser emocionalmente muito forte para mim, porque era uma coisa ainda muito recente na altura. Eu tinha acabado de não conseguir qualificar-me por todo o processo que eu tive, com a minha lesão. Portanto, era bastante emotivo. Eu fiquei a um combate, uma vitória de conseguir qualificar-me de forma direta e, portanto, estava com receio, mas a experiência que eu tive nos Jogos Olímpicos foi mesmo muito, muito boa”, assumiu.
A judoca do Benfica conseguiu “estar alegre” através dos seus colegas e viver toda a experiência olímpica, o que foi “algo muito bom do ponto de vista emocional” e psicológico para si.
“Quando fui à Aldeia Olímpica, foi um dia difícil para mim. Emocionalmente, acho que foi a única coisa que foi realmente muito difícil, quando estive na Aldeia Olímpica, e pensar que queria ter estado lá como atleta, mas todo o resto da experiência que eu tive junto dos atletas, junto da seleção nacional de judo, vi a Patrícia [Sampaio] ser medalhada [nos -78kg], vi outras conquistas de outros amigos no judo internacional, então acabei por encerrar este ciclo emocional de uma forma muito boa”, completou.
O convite para estar na capital francesa foi-lhe endereçado por José Manuel Constantino, o presidente do COP que morreu em 11 de agosto, dia de encerramento de Paris2024.
“Não foi só um presidente muito especial, muito próximo dos atletas, mas era uma pessoa muito sensível. Eu já tinha tido uma lesão antes, já tinha sido operada antes, ao joelho, a outra lesão, e ele já me tinha dito que se eu não fosse, que ele me levaria. Eu sempre disse ‘não, mas eu vou conseguir’. Era uma pessoa mesmo muito especial, muito próxima de nós, com quem podíamos falar de uma forma muito simples, muito direta e fiquei sensibilizada, mas, sendo ele a pessoa que era, sabíamos que isso podia acontecer e foi muito especial esse convite”, concluiu.
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