Vamos falar de sexo: especialista quebra 10 tabus sobre a sexualidade masculina

Megwyn White, Diretora de Educação da Satisfyer e sexóloga certificada, analisa os conceitos errados que complicam para os homens ter uma sexualidade satisfatória

A sexualidade masculina é complexa e, numa sociedade inundada de informação, é comum surgirem mitos preocupantes. Estas ideias erradas podem alimentar estigmas, criar expetativas irrealistas, interferir com as experiências e necessidades individuais e dificultar o caminho para uma vida sexual saudável e satisfatória.

Megwyn White, Diretora de Educação da Satisfyer e sexóloga certificada

Para atenuar os mitos mais prevalecentes e capacitar os homens e as pessoas com pénis a abraçarem a sua sexualidade com confiança e realização, Megwyn White, Diretora de Educação da Satisfyer, quer ajudar a desmistificar 10 ideias preconcebidas:

1. Maior tamanho significa maior prazer – Falso
Historicamente, o tamanho do pénis tem sido associado à masculinidade, virilidade e desempenho sexual. Com tudo isto, as pressões sociais e a pornografia levaram à crença de que um órgão genital grande é a única solução para desfrutar do sexo, criando muitos complexos e expetativas irrealistas sobre o que é considerado um tamanho “ideal”. A realidade é que um pénis maior não é sinónimo de mais prazer.

“A pornografia apresenta muitas vezes a imagem de uma penetração profunda e intensa que se traduz em prazer para a mulher”, diz Megwyn White. “No entanto, embora algumas pessoas possam achar isso prazeroso, a maioria das mulheres precisa de preliminares adequados. Isto permite que o sangue flua para os órgãos genitais e ajuda a relaxar o canal vaginal para a inserção do pénis. Se o pénis for demasiado grande, ou se a penetração for demasiado rápida, pode ser bastante dolorosa”. Por outro lado, as posições sexuais podem fazer a diferença quando o tamanho é mais pequeno. “Escolher uma posição em que a vagina esteja mais fechada do que aberta pode ajudar a intensificar as sensações à volta do primeiro terço da vagina e permitir uma maior fricção”, afirma a sexóloga.

Também é importante lembrar que a penetração é apenas um tipo de prazer sexual. A parte mais sensível do corpo de uma mulher é a glande do clitóris, que pode ser estimulada externamente, bem como o primeiro terço da vagina, onde o clitóris interno ladeia o canal vaginal. Esta zona, também conhecida como ponto G, é muito sensível e pode ser facilmente alcançada por um pénis de tamanho mais pequeno, pelos dedos ou por um brinquedo sexual.

2. A forma do pénis tem um impacto maior do que o tamanho do pénis – Verdadeiro e falso
Embora o tamanho não influencie necessariamente a experiência sexual, é verdade que a forma do pénis pode ter um impacto maior. “A glande, que é a parte mais sensível do pénis, pode proporcionar mais prazer se tiver uma forma pronunciada, porque um pénis (reto ou curvo) tem diferentes capacidades para atingir o ponto G da mulher”, explica Megwyn.

No entanto, há muitas formas de adaptar a posição para ajudar a intensificar as sensações, independentemente da forma do pénis. A utilização de adereços como uma almofada, a aproximação das pernas para intensificar o ângulo para uma zona mais sensível e uma boa comunicação entre os parceiros pode ser uma estratégia eficaz para aumentar o conforto e o prazer na intimidade.

3. O pénis não é a única (ou mesmo a principal) fonte de prazer – Verdade
Tradicionalmente, a pornografia e as representações culturais do sexo têm enfatizado formas falocêntricas de prazer. Isto pode levar os homens a sentirem-se pressionados a satisfazer expetativas irrealistas, o que pode limitar a sua capacidade de se relacionarem intimamente com a sua parceira e ter um impacto negativo na autoestima. Mas, na verdade, o pénis é apenas um dos fatores envolvidos no prazer sexual.

É importante salientar que os orgasmos não são da responsabilidade do parceiro. Por isso, a masturbação é um ingrediente essencial para uma vida sexual saudável, pois permite explorar a própria sexualidade sem a necessidade de outra pessoa. Esta consciência pode ajudar os homens a aprender a desfrutar do sexo não só pela libertação final, mas também pela totalidade da experiência, que também inclui a ligação emocional, a colaboração criativa que ocorre e o desenvolvimento natural do prazer e do orgasmo.

4. Masturbação consciente, um aliado para manter um pénis “saudável” – Verdade
O estado de saúde sexual de um homem depende da sua saúde física geral, bem como da sua capacidade de praticar formas saudáveis de sexualidade. “Masturbar-se regularmente pode ser muito útil para aumentar o fluxo sanguíneo, o que pode ajudar a nutrir os tecidos do pénis, juntamente com os nervos, músculos e vasos sanguíneos. Praticar um toque consciente, ou seja, mais ancorado na consciência de cada momento, também pode ajudar a aprofundar o relaxamento e a fortalecer a relação com a parceira. No entanto, se os homens tiverem o hábito de se libertarem demasiado depressa e com demasiada frequência, isso pode reforçar um padrão de habituação que pode contribuir para a disfunção sexual.

A higiene também desempenha um papel essencial na manutenção de um pénis saudável. É importante lavar-se regularmente com água e sabão e tratar imediatamente qualquer irritação ou infeção para evitar o desenvolvimento de potenciais problemas. Além disso, os cuidados com a alimentação e a saúde mental também desempenham um papel importante.

5. O que comemos e bebemos é importante – Verdade
O consumo de alimentos naturais e não processados ricos em óxido nítrico pode melhorar as ereções e a qualidade do esperma. Alimentos como folhas verdes, beterraba e nozes são conhecidos por aumentar os níveis de óxido nítrico no corpo, melhorando o fluxo sanguíneo e a saúde sexual em geral. Além disso, a incorporação de alimentos ricos em antioxidantes, como bagas e chocolate preto, também pode apoiar a função erétil e a qualidade do esperma.

6. Ereções noturnas, uma indicação de boa saúde sexual – Verdade
As ereções noturnas podem fazer parte de sonhos eróticos, mas também podem ser parte de uma resposta fisiológica natural à fase REM do sono. Nesta fase, a atividade cerebral aumenta, o que se junta ao facto de os níveis de testosterona serem mais elevados durante as primeiras horas da manhã. As ereções noturnas são consideradas um sinal de boa saúde, uma vez que refletem o estado saudável dos sistemas vascular e nervoso. Para aqueles que, por exemplo, sofrem de disfunção erétil, verificar se alguém tem ereções noturnas pode ser útil para excluir um problema físico subjacente em vez de um problema psicológico.

7. A masturbação diária reduz a contagem de espermatozoides – Falso
A masturbação diária não afeta necessariamente a fertilidade nos homens. No entanto, a masturbação focada na libertação pode afetar a contagem de espermatozoides, uma vez que os espermatozoides precisam normalmente de alguns dias para se desenvolverem. Na maioria das vezes, masturbar-se ocasionalmente ou mesmo regularmente não esgota esta reserva nem afeta a fertilidade a longo prazo.

8. A abstinência pode melhorar a vida sexual – Falso
Nos últimos anos, nas redes sociais e nos fóruns da Internet, nasceram movimentos como o “No Fap”, que promovem a abstinência da masturbação como forma de melhorar a vida sexual, a energia e as relações interpessoais. No entanto, quando se trata de melhorar os níveis de testosterona, ainda não há provas conclusivas que sugiram que a abstinência possa ter um impacto significativo a longo prazo. “Alguns estudos descobriram que os níveis de testosterona sobem um pouco após um período de abstinência, mas este aumento é geralmente pequeno e de curta duração”, explica Megwyn White, Diretora de Educação da Satisfyer.

9. Os homens ou pessoas com pénis não podem usar brinquedos sexuais – Falso
Apesar do crescente interesse pelo tema, os brinquedos sexuais continuam a ser um tabu, especialmente para os homens. Isto deve-se a uma série de fatores, incluindo a perceção de que ameaçam a masculinidade e as normas e estereótipos sociais que implicam a necessidade de os homens serem auto-suficientes no sexo. “Os homens são frequentemente desencorajados de explorar a sua sexualidade com brinquedos sexuais. E quando o fazem, são muitas vezes menosprezados. O que é lamentável nestes estigmas e estereótipos é que, em última análise, podem impedir os homens de atingirem todo o seu potencial sexual e de se envolverem num leque mais vasto de jogos eróticos com as suas parceiras”, observa Megwyn.

Além disso, a investigação mostra que os homens que exploram com brinquedos sexuais são geralmente mais propensos a participar em atividades de promoção da saúde sexual, como exames testiculares regulares, e relatam níveis mais elevados de satisfação sexual, bem como de função erétil.

10. Os brinquedos sexuais ajudam a fortalecer e a manter as ereções – Verdade
Os brinquedos sexuais podem ser benéficos de muitas formas para os homens. Em primeiro lugar, podem ajudar a aumentar o fluxo sanguíneo, o que também ajuda a aumentar a sensibilidade das terminações nervosas e a desbloquear novas sensações de prazer que podem ser perdidas com formas mais tradicionais de masturbação. Isto, por sua vez, produz uma maior estimulação.

Além disso, podem ajudar a fortalecer e a manter as ereções.

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