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Velho Mirante: o renascimento de um ícone da gastronomia portuguesa

Pedro Reis assume a gestão do restaurante centenário e resgata a essência da cozinha tradicional portuguesa.

1 Maio 2025
Forever Young

Na Pontinha, onde o tempo parece mover-se com a cadência da memória, há um restaurante que não é apenas um local para comer, é uma casa com história, com alma, com raízes. O Velho Mirante, instalado num edifício com mais de 300 anos, inicia agora uma nova fase, marcada por um compromisso sério com a autenticidade e a gastronomia de tacho. Desde 1º de abril de 2025, Pedro Reis, agora gestor e alma da casa, assumiu o comando do restaurante em nome próprio, com uma missão clara: resgatar a tradição e devolver ao Velho Mirante a sua verdadeira identidade.

A história do edifício onde hoje funciona o Velho Mirante é, por si só, digna de nota. Conta-se que o próprio Rei D. Dinis repousava no andar superior da casa, deixando os seus cavalos no piso térreo. A escada em caracol que liga os dois andares ainda está lá, silenciosa testemunha de séculos de histórias, encontros e sabores. A aura que envolve o espaço é quase litúrgica: quem entra, sente que está a pisar solo antigo, onde o respeito pela tradição é o primeiro ingrediente.

Quem é Pedro Reis?

Pedro cresceu a sonhar com a restauração. Desde os 16 anos que trabalha em restaurantes, absorvendo a cultura, os ritmos e os sabores da gastronomia portuguesa.

Em 2019, abriu a sua primeira pizzaria em regime de franchising e, mesmo durante os anos difíceis da pandemia, não perdeu o foco. Em 2024, quando surgiu a oportunidade de assumir o Velho Mirante, não hesitou.

“Sempre sonhei ter um espaço meu, mesmo que fosse uma pequena tasca. Mas o Velho Mirante é mais do que isso. É património vivo”, conta.

A escolha da localização não foi por acaso. Pedro passou a adolescência a passar diariamente em frente ao edifício.

“Fazia parte do meu caminho. Quando soube que estava disponível, senti que era um sinal.”

Uma carta com alma

No Velho Mirante, a ementa é um regresso à origem, àquilo que verdadeiramente nos une à mesa: a cozinha de tacho, feita com vagar, fogo baixo e muito saber acumulado.

Os sabores não se apressam, os aromas contam histórias, e cada prato é uma homenagem às tradições que atravessaram gerações.

Ao sábado, o protagonista absoluto é o Cozido à Portuguesa (26€ – 2P l 13€ – 1P), servido em barro como manda a tradição. A carne tenra, os enchidos generosos, os legumes bem cozidos e o arroz solto compõem um prato de alma cheia. O aroma que se solta à mesa remete-nos para os almoços de domingo nas casas de família, onde o tacho ao centro era símbolo de união e abundância.

O Arroz de Cabidela (15€), preparado com galinha de campo e servido em pote de ferro, carrega o sabor da rusticidade em estado puro. O arroz é cozinhado no ponto, o sangue confere-lhe profundidade e acidez, e o conjunto é envolto num perfume de vinagre e louro, um prato intenso, para quem aprecia a essência da cozinha portuguesa sem filtros.

Nos mares do sabor, os Filetes de Polvo com Açorda de Tomate (18€) são um deleite. O polvo, crocante por fora e suculento por dentro, é servido sobre uma açorda cremosa feita com pão caseiro e tomate fresco, bem temperado com alho e coentros. A textura, o calor e a frescura conjugam-se numa verdadeira sinfonia de sabores.

As Bochechas de Porco Preto com Puré de Castanha (18,50€) são cozinhadas lentamente, até ficarem a desfazer-se na boca. O molho escuro, denso e aromático envolve a carne num abraço quente, enquanto o puré de castanha, aveludado e ligeiramente doce, equilibra o prato com suavidade. Um clássico de conforto, perfeito para dias mais frios ou almas que pedem aconchego.

A carta inclui ainda um menu especial dedicado à cozinha alentejana, uma homenagem de Pedro Reis às suas raízes paternas. Aqui brilham sabores como o pão embebido em caldo, as ervas aromáticas e os pratos de forno, sempre com ingredientes frescos, maioritariamente adquiridos nos mercados locais, onde a escolha privilegia a qualidade e a sazonalidade.

O espaço: entre o rústico e o sagrado

A decoração do restaurante respeita a arquitectura original do edifício. Elementos como madeira, ferro forjado e peças antigas criam um ambiente rústico, acolhedor e cheio de identidade. A casa divide-se em três espaços distintos: uma sala principal com 48 lugares, uma esplanada intimista com 14 lugares, e uma sala no piso superior com 30 lugares, ideal para eventos privados e, quem sabe, para continuar a tradição dos descansos reais.

Vinho português e hospitalidade sem pressa

A carta de vinhos é um verdadeiro passeio pelas melhores regiões vinícolas de Portugal, com rótulos criteriosamente escolhidos do Douro, Alentejo e Dão, a pensar na harmonização perfeita com os pratos da casa. O serviço é atencioso, familiar e feito sem pressa, como tudo o que se valoriza nesta casa com alma.

No Velho Mirante, a tradição não é um fardo, é um ponto de partida. Sob a direcção de Pedro Reis, a casa vive um novo fôlego: com respeito pelo passado, amor pela comida e dedicação ao cliente. É um restaurante para quem valoriza a verdade dos sabores, o conforto dos rituais e a beleza dos lugares com história.

Porque há espaços onde o tempo merece sentar-se à mesa e o Velho Mirante é, definitivamente, um deles.

Velho Mirante – Cozinha Tradicional Portuguesa
R. de Santo Eloy 2, Pontinha
Contacto: +351 21 808 5506
Reservas: thefork.pt
Siga: @restaurantevelhomirante

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